Quando a gente pega no sono, muitas coisas importantes acontecem em nosso organismo. Entre elas, a restauração da energia gasta durante o dia.
Durante o sono, ocorre uma espécie de processo de limpeza das impurezas do nosso corpo, realizado pelo sistema linfático. Portanto, quando não dormimos bem ou ficamos privados de sono, isso não acontece de forma adequada.
O resultado? Os distúrbios do sono podem levar a um aumento de células inflamatórias, alterações metabólicas e problemas com consequências cardiovasculares e até mesmo cognitivas.
Não é só. A privação de sono também pode levar a alterações de humor, memória e atenção e até mesmo ao envelhecimento precoce – isso sem contar o maior risco de obesidade, diabetes e hipertensão.
A necessidade de medidas voltadas à qualidade do sono fica ainda mais evidente quando observamos dados da Associação Brasileira do Sono (ABS) que revelam que mais 73 milhões de brasileiros sofrem de insônia.
Ou quando vemos uma pesquisa como a feita pela Royal Philips, empresa de tecnologia de saúde, que mostra que, desde o início da pandemia, 74% dos brasileiros adquiriram um ou mais problemas de sono e metade de nós relatamos que a crise sanitária afetou diretamente nossa capacidade de dormir bem.
Por mais que já existam diversos tratamentos para o mal, muitas pessoas encontram dificuldades para acessar estas terapias. E foi por isso que surgiu a SleepUp, uma plataforma digital que oferece terapias personalizadas para tratamento de insônia e queixas de sono.
APROVADO TECNICAMENTE
De acordo com Renata Redondo Bonaldi, CEO da SleepUp, a solução da startup se baseia em protocolos clínicos fundamentados em psicologia, medicina e mindfulness para o sono.
“Segundo a Digital Therapeutics Alliance, terapias digitais são definidas como intervenções terapêuticas baseadas em evidências e conduzidas por programas de software de alta qualidade para prevenir, gerenciar ou tratar um distúrbio médico ou doença”, explica.
A terapia digital pode ser utilizada de forma independente ou em conjunto com tratamento farmacológico, com o objetivo de melhorar a eficácia clínica, engajamento e jornada do paciente.
“Por meio de um aplicativo disponível para iOS e Android, a SleepUp utiliza terapias digitais comportamentais e cognitivas baseadas em psicologia e medicina do sono, como, por exemplo, a Terapia Cognitivo-Comportamental para Insônia”, conta a CEO.
“Além disso, conta com recursos de relaxamento e meditação e atendimento de especialistas por meio de telemedicina por vídeo e chat.”
Ainda segundo Renata, a SleepUp busca embasamento científico, clínico e regulatório para que possa oferecer uma solução eficaz e segura às pessoas.
“Somos a primeira terapia digital para insônia aprovada pela Anvisa e uma das poucas empresas no mundo que oferecem este serviço na área do sono”, afirma.
BENEFÍCIO PARA USUÁRIOS, MÉDICOS E EMPRESAS
O usuário da plataforma realiza as atividades da jornada terapêutica, preenche o diário do sono e testes clínicos para acompanhar a evolução e também tem acesso a recursos de relaxamento e meditação.
A healthtech oferece também um dashboard médico para que o profissional da saúde acompanhe a evolução terapêutica do paciente.
Neste painel, o médico pode acompanhar as informações do diário do sono do paciente, testes clínicos, anamneses e jornada da terapia. E tem acesso também aos recursos de telemedicina.
“Temos também dashboard populacional para que as empresas consigam avaliar os dados de sono dos seus colaboradores e beneficiários. A SleepUp possui plano gratuito e pago, através de assinatura recorrente, em modelos B2B2C e B2C”, diz a CEO.
Renata, que é engenheira de formação, trabalha com inovação disruptiva há mais de 15 anos e sempre teve um mindset empreendedor.
“Morei 6 anos fora do Brasil, na Austrália, Itália e, principalmente, Inglaterra, onde fiz meu mestrado, doutorado e MBA”, lembra. Foi lá, no MBA da Universidade de Manchester, que a CEO identificou a oportunidade de mercado.
“Finalizei meu curso, retornei da licença-maternidade e segui meu coração, motivada a buscar um propósito maior que pudesse deixar para as gerações futuras”, conta.
“Foi então que pedi demissão do mundo corporativo e entrei no programa de aceleração de startups do Founder Institute, em julho de 2019, decidida a sair com uma startup de sucesso.”
A SleepUp foi criada em novembro de 2019. Na metade do ano seguinte, foi selecionada entre 250 startups para o programa de aceleração da Samsung Creative Startups.
Hoje, ela é acelerada pela Vibee Unimed, incubada na Eretz.bio (hub de inovação do Hospital Albert Einstein), está no Supera Park e é residente do Distrito Inova HC (hub de inovação do Hospital das Clínicas).
“O Distrito está com a gente desde o começo da startup, acompanhando nosso crescimento, além de dar todo o suporte, desde mentorias a treinamentos”, fala Renata.
OS DESAFIOS – E AS VITÓRIAS – DE UMA MÃE EMPREENDEDORA
A SleepUp, a exemplo da trajetória de várias startups, passou por alguns momentos difíceis, como a falta de recurso financeiro, a dificuldade de montar o time, de iniciar as vendas e de desenvolver o produto.
“Sem dúvida, o mais desafiador foi conciliar o papel de mãe com a jornada empreendedora, principalmente durante a pandemia”, afirma.
“Captar investimento gerou um desgaste. Infelizmente, existem dados históricos que mostram que 0,04% das startups fundadas por mulheres recebem aporte financeiro no Brasil [de acordo com relatório do Distrito]”, relata.
“Esta é uma realidade que precisa mudar, e temos orgulho de estar contribuindo com essa tranformação. Conseguimos captar graças a muita persistência e competência.”
Os números da healthtech são considerados promissores.
A SleepUp já impactou mais de 8 mil pessoas e teve, em 2021 até o mês de novembro, um crescimento orgânico de 260% em número de usuários.
A expectativa é, em 2022, atingir 5 mil usuários pagantes recorrentes. Tudo com o foco no crescimento dentro do mercado B2B, a internacionalização da marca e proteção intelectual. Entre os potenciais clientes estão farmacêuticas, operadores e prestadores de saúde e saúde corporativa.
Para o futuro próximo, a SleepUp trabalha com projetos de desenvolvimento de algoritmos e Internet das Coisas para o monitoramento do sono, bem como inteligência artificial, visando focar cada vez mais em medicina personalizada e de precisão.
“Queremos levar a terapia digital para a América Latina, Europa e Estados Unidos, onde buscamos a validação clínica e regulatória”, afirma Renata.
“Nossa ambição é ser uma plataforma global de terapias digitais personalizadas na área do sono e saúde mental, utilizando tecnologias vestíveis para monitoramento do sono e inteligência artificial.”
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