A fin-health (mistura de fintech com healthtech) hygia saúde, fundada em 2019, é dedicada à saúde preventiva, reativa e preditiva e tem como objetivo garantir às pessoas mais conhecimento sobre si mesmas e ajudá-las a viver mais e melhor
Em 2017, o médico radiologista Alexandre Parma, chefe de Departamento de Radiologia e Diagnóstico por Imagem da Santa Casa de Votuporanga (SP), decidiu viajar para o maior polo de tecnologia do mundo, o Vale do Silício, na Califórnia (EUA), para conhecer o ecossistema de healthtechs local.
Ao voltar de lá, com a cabeça fervilhando de ideias, Alexandre se uniu ao especialista em marketing Maikol Parnow – à época, representante de vendas de serviços da GE Healthcare – para montar um negócio no Brasil que democratizasse o acesso à saúde e fosse uma alternativa aos planos, especialmente levando em conta que apenas 49,7 milhões de brasileiros têm condições de pagar por um, de acordo com dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
Surgia ali o embrião da hygia saúde, fundada em 2019 e sediada em Porto Alegre (RS). Antes de dar o start na empresa, a dupla, conta Parnow (atualmente CEO da empresa), passou quase um ano estudando e fazendo pesquisas para entender os principais gargalos do setor e identificar onde poderia atuar para fazer a diferença.
“Naquele momento, fomos buscar informações sobre as doenças que mais matam no mundo, para vermos se havia alguma causa que pudéssemos começar a atacar”, lembra Parnow.
“Descobrimos, então, que 74% das mortes são provocadas por cinco doenças crônicas não transmissíveis: as cardiovasculares, o AVC, o diabetes, o câncer de pulmão e o câncer de mama”, destaca o CEO.
“O que nos chamou a atenção foi que todas essas mortes poderiam ser evitadas ou ao menos adiadas se houvesse mais preocupação com a saúde preventiva.”
Outro ponto que os sócios identificaram é que há pouca informação de qualidade disponível sobre prevenção e que, na maioria das vezes, há uma distorção no conceito de saúde, com as pessoas associando-a à doença, e não a bem-estar, qualidade de vida ou longevidade.
Para exemplificar, em uma pesquisa que Parma e Parnow realizaram com mais de 2 mil beneficiários de seguros, quando o questionamento foi “O que significa para você ter plano de saúde?”, a principal resposta recebida foi “segurança”. Diante desse tipo de informação, Parnow aponta:
“Ou seja, o brasileiro não adquire um plano pensando em cuidar da saúde, mas, sim, em ter recursos para se tratar se ficar doente.”
Cardápio de soluções
Com base em suas descobertas, os empresários montaram um negócio que une saúde preventiva, reativa e preditiva e finanças em um único lugar, visando garantir aos usuários mais conhecimento sobre si mesmos e os ajudando a viver mais e melhor e, também, dando mais informações ao médico sobre seus pacientes, a fim de que ele tome decisões mais assertivas.
Para isso, a startup oferece diversas soluções. Uma delas é o aplicativo hygia saúde, que conta com questionários gratuitos sobre saúde mental, física, nutricional, financeira e social. A partir das respostas, são gerados relatórios individualizados com scores cientificamente testados e indicações de quais especialistas procurar, em caso de necessidade.
O app também engloba conteúdos informativos, prontuário eletrônico inteligente com armazenamento de exames, agendamento de consultas e check-ups com médicos (cerca de 4 mil) e laboratórios parceiros (quase 200), além de carteira digital para pagamento dos serviços.
Outros produtos oferecidos são: teste genético, check-up ginecológico (assinatura mensal de R$ 99 para a realização de consultas e exames preventivos de câncer de mama, ovário e colo do útero), financiamento de cirurgias com pagamento em até 36 vezes, plano odontológico, seguro para doença grave e seguro de vida.
Além disso, a fin-health conta com um programa exclusivo para empresas que não têm condições de pagar um plano de saúde para seus funcionários ou que têm, mas querem reduzir a sinistralidade.
“Nós realizamos um mapeamento preventivo da saúde dos colaboradores e entregamos um relatório com os resultados. A partir dele, oferecemos os produtos mais indicados para cada caso”, diz Parnow.
“Estamos investindo bastante nessa relação com as organizações porque, como a nossa ideia é promover uma mudança de cultura, para que a saúde seja vista como investimento e não como custo.”
Apesar de não revelar as cifras do negócio, o executivo afirma que tem havido crescimento ano a ano, tanto no número de clientes físicos quanto jurídicos, e que já observa mudanças importantes no comportamento das pessoas. “Estamos vendo melhorias. Os nossos usuários estão mais interessados em saber sobre a sua saúde, buscam informações e querem se prevenir, se cuidar.”
Para ampliar esse movimento, a hygia saúde planeja introduzir novos produtos em seu portfólio em 2023. Um deles é o teste de microbioma, para avaliação da microbiota intestinal, e, o outro, o teste de metilação, que avalia alterações genéticas. Também está nos planos promover aprimoramentos de tecnologia e incrementar o aplicativo.