A mesma tecnologia usada para desbloquear celulares por meio de leitura facial está sendo aplicada para monitoramento do bem-estar de clientes do setor de saúde.
Chamada de WellnessTest, a tecnologia transdérmica escaneia o rosto de uma pessoa acessando a câmera de smartphones, tablets ou computadores por 30 segundos. Os dados são incorporados a uma inteligência artificial (IA) que consegue ler, medir, compreender e detectar padrões de respiração e de pigmentação da pele.
Antes do reconhecimento facial, contudo, o sistema pede algumas informações, como sexo, altura, peso, se é fumante, se tem hipertensão diagnosticada e alguma doença respiratória.
“A partir das respostas do paciente e do monitoramento por câmera, a tecnologia cruza as informações com a inteligência artificial para gerar uma série de indicadores como frequência cardíaca e respiratória, nível de oxigenação, índice de estresse, pressão arterial, riscos de doenças cardiovasculares e de AVC, entre outros”, afirma Fernando Ferrari, diretor-geral no Brasil da DOC24, empresa de saúde digital, que oferece diversos serviços, entre eles, uma plataforma de telemedicina para o segmento corporativo.
A aplicação do reconhecimento facial na saúde, neste caso, aconteceu porque a DOC24 queria desenvolver algo que agilizasse o trabalho dos médicos e o serviço da triagem nos hospitais e clínicas.
De acordo com Ferrari, o reconhecimento facial para monitorar a saúde de pacientes já é usado em países como o Canadá, Reino Unido e Israel. E foi com essa tecnologia vinda de fora que eles começaram a dar os primeiros passos da WellnessTest. Em seguida, foi preciso aprimorar as informações com base no biotipo do brasileiro
“Estudamos características da pele, da luminosidade, exposição ao sol e outros fatores. Em seguida, foram feitos testes com escaneamento da face de diversas pessoas. Reunimos todas essas informações para criarmos o banco de dados da inteligência artificial”, explica o diretor-geral.
Ainda de acordo com Ferrari, o reconhecimento facial feito por um brasileiro no Reino Unido, por exemplo, não será tão preciso quanto o realizado por aqui, já que as características físicas catalogadas das pessoas nascidas no Brasil é que alimentam a IA.
As perguntas que precedem o escaneamento facial podem ser personalizadas de acordo com a necessidade de cada cliente. “Para uma seguradora de vida, por exemplo, que usa essa informação como base para aceitar ou não um novo cliente, a empresa pode pedir para acrescentarmos novos critérios e ajustarmos com os dados pedidos pelo sistema”, acrescenta Ferrari.
O diretor-geral afirma que o WellnessTest tem sido visto como uma plataforma de bem-estar orientativa:
“Isso nos permite oferecer serviços para companhias de seguro, operadoras de saúde e outras empresas preocupadas com a qualidade de vida dos seus colaboradores”, conta.
O uso da ferramenta para entender mais sobre a saúde do paciente ou do colaborador traz diversas benfeitorias às empresas que contratam o serviço. No caso do setor de saúde, por exemplo, essa nova tecnologia leva mais informações aos médicos.
“O sistema de triagem, já tradicionalmente implantado com sucesso na recepção da maioria dos hospitais, pode ser aperfeiçoado com a inclusão do WellnessTest”, argumenta Ferrari.
No caso das seguradoras, o diretor-geral explica que o novo serviço contribuirá para melhorar a precificação e a aceitação de risco. E para as empresas, o WellnessTest torna mais fácil avaliar e acompanhar o bem estar dos seus colaboradores.
“Isso porque, de posse das informações geradas, será possível promover ações específicas para a melhoria da qualidade de vida de uma determinada população, o que ajuda no combate ao absenteísmo e, ao mesmo tempo, melhorar a produtividade”, esclarece Ferrari.
Fundada na Argentina, em 2016, a DOC24 chegou ao Brasil em 2019 com a promessa de entregar aos clientes um sistema de telemedicina totalmente personalizado.
“Conectamos pacientes, médicos, provedores e parceiros através de uma plataforma capaz de se adaptar às demandas com agilidade e oferecer soluções desenhadas especialmente para atender projetos específicos”, conta o diretor-geral.
E com quase 3 anos de sua fundação, atualmente a healthtech já conta com mais de 15 milhões de beneficiários na América Latina, com um volume superior a 200 mil consultas por mês.
Entre as empresas que adquiriram a plataforma de reconhecimento facial encontram-se a Prudential e a Unimed Grande Florianópolis.
Em relação ao sistema de telemedicina, o diretor-geral destaca algumas empresas do setor de saúde como a BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo (SP), o Hospital da Criança de Brasília, o Hospital Ernesto Dornelles, no Rio Grande do Sul (RS) e o Sistema Unimed, que atua como operadora de plano de saúde.
“Nossa missão é democratizar o acesso à saúde, impulsionando a transformação digital de organizações públicas e privadas, desenvolvendo soluções personalizadas para cada etapa do cuidado com a saúde”, finaliza Ferrari.