Se fôssemos eleger uma expressão que resumisse o movimento que vem acontecendo com as empresas ao longo dos anos, mas que teve em 2020 seu auge, ela seria “transformação digital”.
A pandemia, enquanto nos trancava em nossas casas, acelerou processos nas companhias, fez as coisas saírem rapidamente do papel, permitiu às gigantes que se testassem. E, nisso, o que não faltou foi aprendizagem.
Em pouco mais de dois meses de existência, Future Health entrevistou vários executivos à frente da inovação de algumas das maiores companhias do setor de saúde do país. Veja aqui o que eles falaram sobre as lições aprendidas:
“Em julho, a Medley lançou a campanha ‘A pandemia tem gênero’, como reconhecimento às mulheres durante esse período tão conturbado que a gente está vivendo. Sabemos que as mulheres são 70% da linha de frente do combate à pandemia, são enfermeiras, médicas, fisioterapeutas… E 45 milhões de mulheres ficaram desempregadas, a violência doméstica aumentou drasticamente. Há um impacto direto, especialmente nas mulheres de classe C, então a gente quis se posicionar. O propósito da Medley é a democratização do acesso à saúde integral, que significa saúde física, mental e social. A gente tem esse olhar da saúde holística. Isso significa que a saúde não é mais doença e tratamento. A gente tem uma coisa maior que precisa ser olhada e unificada.”
Joana Adissi, diretora-geral da farmacêutica Medley
“Com a pandemia, entendemos mais do que nunca a necessidade de estar preparado para grandes mudanças e possíveis adaptações. Com isso em mente, a tecnologia foi uma grande aliada na hora de disseminar informações de relevância e nos proporcionou ser mais ousados. Outro ponto importante foi a agilidade com que nos adaptamos ao novo cenário, ajustando as rotinas de trabalho bem como melhorando a interação entre os colaboradores, mesmo dentro de um cenário de distanciamento.”
Ana Biguilin, diretora-geral da Neo Química
“Acho que o maior aprendizado para a gente foi a capacidade de agir muito rápido e promover a integração. Somos um grupo composto por três empresas: a Dasa, de medicina diagnóstica, a Ímpar, que é a nossa rede de hospitais, e a GSC, que é uma integradora de saúde que trabalha com coordenação de cuidado e atenção primária. Antes da pandemia, apesar de a gente trabalhar em grupo, eram na essência três empresas apartadas. A necessidade de integrar tudo foi muito latente nesta pandemia. O paciente precisa de atenção primária, precisa de um diagnóstico, de um hospital se eventualmente for internar. Ele precisa ficar em casa e ser monitorado, precisa de um homecare. Então tivemos que nos integrar como grupo e a resiliência de fazer isso muito rápido, entender o que ainda estava nos prendendo e como a gente ultrapassaria todas essas barreiras, acho que isso foi o maior aprendizado desta pandemia. Para nos reinventarmos, usamos recursos que a gente tinha: as pessoas.”
Andrea Dolabela, diretora de Produto, Marketing, Experiência e Dados do grupo Dasa
“A pandemia, em muitos sentidos, foi um ‘wake up call’. É um momento de reflexão para repensar a forma que a gente atua, como trabalha e se prepara. Já existia uma vontade para inovar mais, para transformar, para ser mais digital. Mas isso foi impulsionado durante a pandemia. Conseguimos achar formas de continuar com o modelo de negócio que a gente precisa, mas nos flexibilizar para não ficar com os processos estagnados. Encontramos formas ágeis de trabalhar para reinventar, repensar, questionar como ser mais eficientes e agregar mais valor. Assim, aqui no Brasil, em questão de um mês já passamos da fase de inserção, de começar a desenvolver as ideias, até a de colocar na rua e executar. Fiquei impressionada, ainda mais por ter entrado agora na empresa, do quanto essa aceleração foi absorvida pelas pessoas no dia a dia. Todo mundo muito alinhado com o nosso propósito de ‘saúde para todos e fome para ninguém’.”
Niyantri Ramakrishnan, diretora de Transformação Digital de Pharmaceuticals da Bayer