Qual a chance de dar certo um negócio que começou com uma ligação no meio da noite, feita após a visualização de uma foto no Facebook? No caso da Mobile Saúde, toda.
As soluções da empresa que está há oito anos no mercado e desenvolve tecnologias inovadoras para telemedicina e autoatendimento por meio de aplicativos e soluções em nuvem chegaram a mais de 7 milhões de vidas.
O aumento na procura pelos serviços veio na esteira da mudança no comportamento do consumidor de saúde privada – acelerada pela pandemia.
A Mobile lançou serviços novos e viu, no fim do ano, o número de projetos crescer 34%.
E tudo por causa de uma foto que Jean Schulz, Chief Process Officer e sócio-fundador da Mobile, viu na rede social de um colega que trabalhava na mesma multinacional de tecnologia, com foco em desenvolvimento, implantação e manutenção de sistema ERP para planos de saúde.
“Eu morava no Paraná, em Curitiba, e estava com uma ideia de produto para rodar em tablets. E o tablet do momento era o iPad”, conta Jean.
“Comprei um computador capaz de criar programas para iPads e, ao visitar o Facebook, vi em um post uma foto do Geraldo, que também havia comprado, na mesma semana, um computador igual”, diz ele sobre Geraldo Félix, que morava em Vitória, no Espírito Santo.
Embora não tivessem contato frequente, porque trabalhavam em divisões diferentes, Jean ligou para Geraldo e falou: “Vi que você comprou um Mac e parece estar programando. Eu também comprei um e estou programando umas coisas aqui”, relembra.
O colega respondeu que estava com umas ideias de negócio e que ambos poderiam compartilhar seus pensamentos para tentarem, juntos, montar algo.
“A ideia do Geraldo foi a escolhida e assim nasceu o primeiro produto: um guia de saúde voltado a localizar médicos e clínicas para planos de saúde”, conta o CPO.
REVOLUÇÃO EM UMA ÉPOCA EM QUE 4G NÃO EXISTIA
Em 2011, bom lembrar, não existia 4G no Brasil – a tecnologia só chegou dois anos depois. “Durante o dia, trabalhávamos para a empresa. E, à noite, programávamos, conversávamos e combinávamos features”, diz, acrescentando que tem imagens da época, com desenhos das telas em papel branco.
“Quando criamos o primeiro MVP, convidamos o Paulo, que é excelente no trato com clientes, e também muito hábil comercialmente”, afirma o CPO referindo-se ao administrador Paulo Auriemma, do Rio de Janeiro.
Ele juntou-se ao time e chamou também João Paulo dos Reis Neto, o braço médico da empresa que nascia totalmente remota – João, mais tarde, deixou a sociedade da empresa, mas mantém-se no conselho.
A Mobile Saúde nasceu com o quarteto, que investiu R$ 10 mil cada um do próprio bolso, trabalhando diretamente na operação, programando e construindo soluções.
“E viajando pelo Brasil para convencer diretores de operadoras a investir em uma plataforma totalmente nova, orientada a smartphones, para atender bem seus clientes, usando tecnologia de ponta ainda um pouco desconhecida e com baixa qualidade, como eram as redes móveis”, diz Jean.
Os sócios sabiam que o setor de saúde, tradicionalmente, é muito focado em processos internos e pouco se apoia em inovação para o consumidor. “Iniciativas são raras e têm pouca escala”, conta Jean. “Hoje, vemos várias iniciativas, mas as particularidades ainda são uma barreira.”
Quando iniciaram, Jean, Geraldo, Paulo e João Paulo perceberam que o mercado tinha essa necessidade não atendida à qual poucos se atentavam.
“Em operadoras de saúde, por exemplo, era muito comum investimentos de milhões de reais em sistemas ERP, para atender os processos internos, e pouco ou nenhum investimento em serviços para o beneficiário – que, ironicamente, era quem gerava a receita da operadora.”
Eles sabiam, também, que as operadoras têm suas particularidades. Por isso, um software único, fechado e sem customizações não resolveria as necessidades.
“Pensamos que a Mobile deveria ter um foco em construir softwares que pareçam simples para os usuários, mas que sejam muito poderosos a ponto de um cliente de uma operadora, sem treinamento algum, poder baixar um app e realizar tarefas complexas – como solicitar uma autorização para uma cirurgia ou pedir um reembolso de despesas médicas”, afirma Jean.
“Nosso foco sempre foi fornecer softwares com a máxima qualidade possível, pelo menor preço possível, possibilitando escala. E, quando necessário, produtos que possam ser modificados de acordo com a necessidade de um cliente específico.”
Seis meses depois de a solução estar pronta, a Mobile conquistou seu primeiro cliente, um plano de saúde, oferecendo um serviço para melhorar a atenção à saúde e a sustentabilidade do setor.
Hoje, diz Jean, grandes empresas como Vale e FCA Saúde usam as soluções padrões da Mobile com customizações exclusivas.
Ao todo, a Mobile Saúde atende hoje mais de 100 operadoras de planos – como Clinipam, do Grupo NotreDame Intermédica, Cassi, Unimed e DoctorClin, entre outras.
“Atendemos mais de 20% do mercado de operadoras de planos de saúde, e temos como clientes mais de 50% de todas as autogestões do Brasil”, orgulha-se Jean.
“Construímos soluções de autoatendimento, comunicação por voz e vídeo, possibilitando que beneficiários marquem suas consultas online, vejam resultados de exames, acessem seus cartões de benefícios e realizem consultas virtuais usando uma plataforma de telemedicina muito inovadora e cada dia melhor.”
METADE DO FATURAMENTO É DESTINADO PARA PESQUISA
Os softwares da Mobile Saúde são oferecidos a seus clientes em modelo SaaS, o que quer dizer que o cliente usa o produto via internet, pagando pelo serviço, enquanto o fornecedor fica responsável por toda a estrutura necessária para sua disponibilização.
“Nossos clientes pagam valores mensais de acordo com o pool de serviços. Assim, permitimos que pequenas empresas ou grandes corporações consigam ter uma solução de ponta, pagando pelo que usam”, explica Jean.
O empreendedor conta que, logo depois do baque inicial provocado pela pandemia de Covid-19, há um ano, as demandas por seu produto começaram a aumentar.
“Novos clientes chegaram e novas demandas vindas de nossos clientes mais antigos denotaram a tônica da pandemia: a expansão de serviços.”
Segundo ele, “as operadoras perceberam que estavam atendendo de forma insatisfatória quem estava em casa, confinado”. As necessidades dos clientes continuavam existindo, as doenças continuavam, mas as operadoras que não estavam transformadas digitalmente ficaram isoladas, conta Jean.
A Mobile então lançou um produto novo focado em telemedicina, o Mosia Telecare. “Ele utiliza tecnologia de última geração para permitir que médicos e pacientes possam comunicar-se com segurança e com recursos avançados de lembretes e notificações dentro do app, deixando de lado o tradicional e pouco eficiente SMS”, explica o CPO.
“Nesse formato, conseguimos unificar toda a jornada do cliente em um app, onde o beneficiário consulta seu extrato de uso do plano, paga boletos, agenda consulta, recebe notificações seguras por mensagens do aplicativo e atendimento médico de alto nível utilizando um único login/senha.”
Sem precisar baixar aplicativos de terceiros, a união de serviços facilita a vida do usuário.
Para manter suas soluções sempre atualizadas, a Mobile dedica metade do faturamento à pesquisa. “Temos mais pessoas trabalhando em pesquisa e desenvolvimento de tecnologia do que em todo o resto da empresa”, revela Jean Schulz.
Foi por isso que o Mosia foi colocado no mercado em apenas dois meses. “O produto é, na verdade, união de uma pesquisa extensa realizada ainda em 2018 com uma ferramenta desenvolvida por nós, que é capaz de gerar formulários dinâmicos em segundos, exibidos em qualquer plataforma.”
Um dos diferenciais tecnológicos da Mobile, de acordo com Jean, é ter criado um ecossistema que permite que suas soluções se conectem a qualquer sistema ERP do mercado. “Ou seja, independentemente da solução de gestão que a operadora utiliza, nós podemos conectá-la aos nossos softwares”, diz.
Jean conta que uma autogestão sediada no Rio de Janeiro economizou, com os sistemas Mobile, aproximadamente R$ 3 milhões só deixando de imprimir cartões do plano desde 2016. “Essa economia só foi possível porque nossa solução consegue integrar-se com diversos ERPs.”
“Temos também profundo respeito pelas necessidades específicas de nossos clientes”, ele continua. “Customizações são bem-vindas, e isso não é comum em softwares modernos. Nós entendemos essas necessidades, e estamos, inclusive, projetando uma nova versão de nossas soluções, com ênfase na possibilidade de customizações.”
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