Quando entraram na sala de aula do Pós-MBA em Gestão de Saúde do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, na sexta-feira, 28 de outubro de 2022, os alunos encontraram suas mesas e cadeiras organizadas de forma diferente do usual: em semicírculo, com quatro presenças de destaque no centro.
À direita, estava João Paulo Bittencourt, coordenador da graduação em administração. No centro, os especialistas em gestão de saúde Leandro Vaz Figueira, diretor de cuidado integrado do Einstein e Luiz de Luca, professor do MBA. Finalmente, à esquerda, Fabiano Cançado, gerente médico do Hospital Santa Casa ABCG, em Campo Grande (MS) e aluno do curso. Estava claro que não seria apenas uma aula explanativa.
A disposição da sala é emblemática do Fishbowl, metodologia de ensino desenvolvida pelo Problem Based Learning Laboratory (PBL Lab) da Universidade Stanford (EUA), que Bittencourt vivenciou de perto em uma visita à instituição em 2018. Na ocasião, inclusive, conheceu a criadora do modelo, a pesquisadora Renate Fruchter.
Recém-incorporada pelo Ensino Einstein e até então inédita no Brasil, a Fishbowl foi inspirada nas cirurgias observadas por trás de paredes de vidros das faculdades de medicina. Sua ideia central é estimular a discussão ativa para resolver problemas complexos.
“Inovação está no centro da experiência proporcionada pelo Einstein desde sua fundação, e a adoção do Fishbowl é mais um exemplo disso, além de um grande diferencial de nosso MBA Executivo”, comenta Bittencourt.
“Além de disseminar conteúdo e experiência, a metodologia ativa proporciona uma discussão rica entre especialistas e participantes do curso, que vêm de diferentes regiões do país e trazem bagagens diversas.”
A figura central do primeiro Fishbowl do Einstein, acompanhado com exclusividade por FUTURE HEALTH na unidade da instituição localizada na avenida Paulista, em São Paulo, foi Fabiano Cançado, aluno do Pós-MBA em Gestão de Saúde.
Por iniciativa própria, já que a metodologia adota o modelo “opt-in” (apenas quem deseja se inscreve para participar), o gerente médico do Hospital Santa Casa ABCG de Campo Grande (MS) elaborou o projeto que revela seu atual grande desafio: gerenciar uma unidade privada em um hospital filantrópico.
“Agradeço o convite para expor nossas dificuldades na busca de melhoria contínua e da excelência no atendimento”, afirmou logo na abertura do encontro, revelando a importância da experiência e suas expectativas. “Sei que é difícil resolver questões tão complexas em algumas horas, mas garanto que vim entusiasmado, desprovido de amarras e de peito aberto para tirar o máximo possível dos comentários de todos.”
Com dados e indicadores detalhados, como taxa de ocupação e de mortalidade, média de permanência, números de leitos e de centros cirúrgicos, e informações sobre planos de saúde, Cançado começou apresentando a situação atual da instituição – e também os principais problemas envolvidos no equilíbrio entre unidades privadas e filantrópicas. Também relatou ações já realizadas em prol de melhorias, como mapeamento do inventário total, reconhecimento de colaboradores, marketing externo, capacitação e treinamento.
Sob a mediação de Bittencourt, Figueira e De Luca sabatinaram o aluno para se aprofundar em pontos específicos e, na sequência, apresentaram ideias, perspectivas e pontos a serem desenvolvidos para que a unidade privada do Hospital Santa Casa ABCG de Campo Grande (MS) opere de forma rentável.
Também foram figuras fundamentais no Fishbowl os outros alunos da turma, que tiveram espaço para questionar Cançado, apresentar suas próprias experiências e também oferecer sugestões.
O balanço do primeiro Fishbowl foi considerado positivo pelos participantes, e a próxima edição já está prevista para fevereiro de 2023. Nos próximos meses, o debate e as sugestões em torno do problema de Fabiano Cançado devem dar origem a um projeto que ele apresentará ao Hospital Santa Casa ABCG, de Campo Grande (MS).
“A experiência de alta performance do Einstein já é diferenciada, especialmente para nós que somos do interior do país e o temos como referência. Participar de uma experiência como a do Fishbowl, com tantos profissionais qualificados de todo o Brasil, agrega mais ainda e facilita o aprendizado”, comenta o gerente médico. “É também uma questão de perseverança, vontade e coragem porque não é fácil expor todos os seus problemas e ser submetido a tantas questões.”
Bittencourt explica que não é incomum que organizem um MBA ou uma formação executiva e sem que os assuntos principais sejam endereçados em profundidade.
“No Fishbowl, o problema é endereçado, discutido e dissecado por especialistas. O ganho é claro: ter muitas pessoas qualificadas olhando para suas questões com empatia e abordando-as com co-responsabilidade, sem diminui-las”, detalha Bittencourt.
“Quando temos essa discussão com o problema centralizado, fechamos todas as pontas”, conclui.