A equidade de gênero é um tema que vem ganhando atenção da sociedade e deixando o papel para se transformar em realidade.
Notamos um avanço significativo na área, mas ainda de forma desequilibrada em determinados segmentos – como no exercício da Medicina.
Apesar da participação das mulheres ter dobrado nos últimos 20 anos, segundo o estudo Demografia Médica 2020, algumas especialidades ainda são dominadas por homens.
Por isso, como parte das comemorações dos 50 anos da Medtronic no Brasil, lançamos o “Elas na Medicina”, projeto que visa a conscientização da sociedade sobre essa lacuna a ser desbravada, além de reforçar a importância do empoderamento feminino.
Não devemos nos apoiar em rótulos predeterminados por conceitos antiquados e preconceituosos.
Felizmente, profissão não tem gênero. Podemos optar pela carreira que mais nos interessa.
Como empresa provedora de saúde, que já adota uma política de diversidade e inclusão internamente, com mais de 50% das mulheres em cargos de liderança, a Medtronic não poderia deixar de lado uma causa tão importante como essa.
Para tanto, contamos com a parceria de um time renomado de médicas que são referências em suas respectivas especialidades e apoio da Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular (SBCCV) e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM).
DISCRIMINAÇÃO MUITAS VEZES COMEÇA NA PRÓPRIA FACULDADE
Não existem explicações plausíveis, mas ainda são poucas profissionais mulheres em determinadas especialidades como urologia, neurocirurgia, coloproctologia e radiologia intervencionista, entre outras.
Ao conversarmos com especialistas para o projeto, elas nos contaram que a discriminação, muitas vezes, começa na própria faculdade, e pode vir de quem menos se espera, dos docentes e dos colegas.
Essa receptividade duvidosa, no entanto, não é compartilhada pelos pacientes que elas costumam atender.
Demos o início ao “Elas na Medicina” em março de 2021, como parte das comemorações do Dia Internacional da Mulher, quando organizamos uma série de palestras com médicas apaixonadas e dedicadas em melhorar a saúde de pacientes.
O projeto, no entanto, foi ganhando robustez e apoio da classe médica.
Mais recentemente, compartilhamos uma carta-manifesto com as impressões dessas profissionais, mas nosso objetivo é trazer amplitude ao tema.
EMPODERAMENTO FEMININO É UMA CONSTRUÇÃO LONGA
A nossa ideia é que o movimento ganhe repercussão e mais adeptos para que consigamos contribuir para a mudança desse cenário.
É fato que o empoderamento das mulheres na Medicina foi sendo construído ao longo dos anos.
Para ter uma ideia, foi apenas em 1918 que a Faculdade de Medicina da USP autorizou o ingresso delas no curso – e, assim, foi a primeira escola de nível superior do Estado fazer isso. Ainda temos um longo percurso pela frente.
Além da conquista de espaço, a batalha pela igualdade salarial se faz necessária.
Por outro lado, é uma satisfação imensurável saber que, em nove anos, as mulheres deverão ser maioria entre os médicos, sendo mais de 80% desses profissionais até 2030, segundo levantamento do Plano Nacional de Fortalecimento das Residências em Saúde do Ministério da Saúde.
Se depender da Medtronic, a equidade de gênero não precisará ser mais um assunto a ser debatido, mas intrínseco em nossa cultura.
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Priscila Tatiana Silva Saturnino é líder do comitê Women’s Network da Medtronic.