O nome de Claudio Lottenberg não falta em qualquer lista que se pretenda séria das pessoas mais influentes na saúde do país. Presidente do Conselho da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein, que mantém o hospital apontado no ano passado pela revista Newsweek como um dos 50 melhores do mundo, do Instituto Coalizão Saúde e da Confederação Israelita do Brasil, Claudio é um entusiasta da inovação.
E não é de hoje.
Quando ainda era um recém-formado oftalmologista, ele quebrou um preconceito muito comum entre seus colegas e aproximou-se da indústria. “Percebi o seguinte: grande parte da inovação, talvez mais do que dentro da área pública ou da área acadêmica, acontece no mundo privado”, conta.
“Essas grandes empresas, tanto farmacêuticas quanto de devices, sempre foram companhias com quem mantive uma relação muito intensa.”
Claudio foi a pessoa mais jovem a assumir a presidência do Einstein, aos 40 anos. À frente do hospital, triplicou o faturamento da instituição e a fez ser ainda mais reconhecida como early adopter de tecnologia e inovação. Além de médico renomado, tornou-se assim um executivo reconhecido.
Mas não é só. Ele também é um empreendedor de sucesso: em 1989, fundou sua rede de clínicas oftalmológicas Lotten Eyes. Em 2016, com 18 unidades localizadas em bairros nobres de São Paulo, a rede foi vendida para a UnitedHealthcare, grupo americano dono da Amil – do qual o próprio médico foi presidente um ano mais tarde.
Transitando livremente entre poderosos e veículos de mídia – ele é colunista da revista Veja e fonte constante de jornais, sites e emissoras de TV –, Claudio Lottenberg não titubeia e dá respostas precisas para qualquer pergunta que façam a ele. Não teme a polêmica e tem se mostrado um crítico ferrenho da política federal de combate à Covid-19.
Apesar disso, diz estar otimista. “Continuo mantendo o otimismo porque acho que Deus é brasileiro acima de tudo”, diz, rindo. E depois assume o tom sério: “Considero que há de prevalecer o bom senso, há de prevalecer o interesse da sociedade”.
Nesta entrevista, ele conta sobre como a inovação ajudou no combate à pandemia no mundo, tendências, novas tecnologias e sobre a notícia que mais queria ler nos jornais hoje.
Em 11 de março, completou um ano que a Organização Mundial da Saúde declarou que vivíamos uma pandemia. Qual papel a inovação teve no combate à Covid até agora de forma geral?
A inovação esteve presente em vários momentos. Primeiro, quando os diagnósticos eram clínicos e precisavam de uma confirmação de natureza laboratorial. Surgiram então algumas quebras de paradigmas [com o avanço dos testes] e portanto, já de imediato, se estabeleceu isso que considero inovação. O segundo momento diz respeito ao entendimento da doença per se, porque no começo tínhamos uma dúvida muito grande de quem deveria procurar o hospital, quem poderia esperar para fazer isso e fomos, aos poucos, padronizando a questão dos protocolos.
Um terceiro momento foi quando começamos a discutir perante a sociedade – e isso talvez seja um ganho enorme – a importância da pesquisa científica de qualidade.
Porque, exceto nós que somos da saúde e pessoas da área jornalística, esse entendimento de fase de pesquisa, o que é um estudo duplo cego, a seriedade que a ciência tem dentro da perspectiva da saúde não era algo tão presente. Hoje, acho que as pessoas saem convencidas desse aprendizado. E temos também o próprio desenvolvimento das vacinas. As vacinas, em geral, eram feitas com mecânicas tradicionais de vírus atenuados, partes do vírus. E hoje a gente começa a discutir vacinas feitas também por mecânicas diferentes, como utilização de RNA mensageiro. Isso tudo também é inovador. E existem questões que são importantes e que envolvem o próprio contexto do complexo industrial da saúde brasileira.
Nós vimos que não podemos ser totalmente dependentes do exterior em relação a questões de insumos básicos e até questões que fazem parte da alta complexidade.
Esse ponto foi debatido no passado, depois foi deixado de lado por mudança de governo. Eu considero que é algo estruturante. Por quê? Porque a saúde é algo que tem impacto a ponto de gerar mais de 5 milhões de posições de emprego, de movimentar quase 10% do Produto Interno Bruto. Existe uma possibilidade de desenvolvermos muita coisa principalmente porque somos quase 250 milhões de habitantes – e todos consumidores da área da saúde.
Existe aí uma oportunidade de geração de conhecimento, de geração de emprego, de geração de riqueza.
E, na questão da prática assistencial, podemos falar até de como isso acontece dentro dos hospitais, com equipes treinadas, mas acho que o mais importante é registrar o papel da telemedicina. Lembrar que há um ano a telemedicina tinha um grupo totalmente contrário – ou pelo menos não favorável. E hoje a população dá sinais muito claros de que quer a telemedicina.
A telemedicina aumenta equidade, representa muito mais acesso, traz mais resolutividade, mas, acima de tudo, abre as portas para o mundo da saúde digital.
E dentro desse mundo de saúde digital você tem a geração dos bancos de dados, os diferentes data lakes. Isso tudo vai trazer uma perspectiva muito grande em termos de automação, eficácia, ganho de produtividade. Uma questão na qual a saúde estava meio a reboque. Isso é um ganho para a sociedade se a gente de fato fizer com que perdure, independentemente da pandemia.
Qual seu prognóstico em relação a isso? Porque a telemedicina também enfrenta desafios, como o acesso a redes em alguns locais do país. Como garantir que ela ajude a população de forma igualitária?
Acho que é um caminho irreversível. A telemedicina já foi incorporada dentro de um processo de cultura porque, apesar de ter surgido durante a pandemia, foi utilizada não só para assuntos relativos à Covid. Aliás, para isso ela foi menos usada. A tecnologia foi utilizada principalmente em relação às doenças crônico-degenerativas, para questões relacionadas ao câncer. A telemedicina foi “liberada” por ato presidencial, mas efetivamente foi utilizada não pelas questões da pandemia.
Acho muito difícil se justificar uma supressão da telemedicina a partir de agora.
As outras questões dizem respeito a parte daquilo que você bem observa: não basta simplesmente estar permitida, é preciso ter meios de comunicação. É preciso garantir acesso de redes de dados. E isso sabemos que não é uma coisa tão fácil em nosso país, assim como obtenção dos próprios dispositivos em forma de smartphones. Mas é preciso começar de alguma forma porque, quando começa-se a fazer isso, passamos a ter escala – e isso barateia os smartphones.
E o acesso, aquilo que a gente chama de redes, banda larga etc., o governo em algumas regiões tem que incentivar a iniciativa privada.
Em outras regiões, vai ter que ser feito até em forma de políticas afirmativas. Mas não é algo novo nas discussões de iniciativas dessa natureza no Brasil. Comparo com rotas aéreas: algumas são altamente lucrativas e outras não, mas alguém faz. É preciso regulamentar e falar: tudo bem, você leva isso, mas tem que fazer aquilo. Não vejo isso como um problema: sei que vai ser resolvido, não haverá por que voltar atrás.
E como fica a relação entre médico e paciente com a telemedicina? Ela não corre o risco de sofrer alguma alteração, de se desumanizar?
A primeira coisa que tem que ficar clara: não gosto de imaginarmos que uma nova tecnologia é uma resposta para todos os males. A telemedicina não vai resolver os problemas da medicina. A telemedicina vai ajudar o bom exercício da medicina.
O médico não vai ser suprimido, mas terá o seu papel principalmente em momentos mais nobres: ele entrará para ser um elemento decisório de maneira presencial em momentos mais importantes.
Além disso, existem dificuldades óbvias que envolvem principalmente a parte do exame físico, para o qual também hoje já há alguns recursos – que não o substituem. Na minha leitura, existe outra questão que envolve o aspecto da confiança: ela é muito mais forte quando feita de forma presencial, é mais fácil de ser atingida com o contato do que a distância.
Acho que é uma mudança de uma natureza relacional que vai alterar o papel do médico, mas não vai substituir o médico.
Vai exigir entendimento do médico. Mesmo porque há um detalhe que é bom a gente frisar: a telemedicina não é uma atividade para ser exercida por médico jovem. Ela exige um conhecimento, uma bagagem, uma experiência que é mais própria de médicos mais velhos. Para criarmos toda essa mecânica, temos que construir um mundo novo, como já construímos outras vezes. Hoje, por exemplo, tenho muita dificuldade ainda de fazer determinadas transações financeiras sem ir ao banco. E raramente vejo um jovem no banco. São coisas que vão se modificando ao longo do tempo e se incorporando. E isso vai trazer, de certa forma, um grau de confiança em função de um mindset – esse, sim, que tem que ser mudado.
O setor de saúde é, de uma forma geral, conservador, mas ao mesmo tempo é um setor que está bombando com novidades, disrupções. Como você explica essa aparente contradição?
Temos aqui uma questão clara. Nós temos toda uma perspectiva de envelhecimento da população e um incremento tecnológico que é robusto e agrega valor, mas temos uma conta que ainda não se fecha, principalmente dentro dos modelos contributivos atuais. Então o que a sociedade está buscando é uma forma de equacionar isso – e uma delas é justamente buscar alternativas através da tecnologia que mudem o contexto, barateando e trazendo eficiência e segurança.
Falei há pouco da telemedicina. A telemedicina é para tudo? Não.
Você não vai operar a complexidade ou cuidar de um paciente numa unidade de terapia intensiva, mas, de repente, aquele paciente que está agora sentado ocupando espaço num pronto-socorro e que não precisaria ou que tem uma dúvida sobre um analgésico ou que está com uma simples gripe, ele vai resolver através da telemedicina. Tenho impressão que a pressão da sociedade é tão grande para poder equacionar essa questão da expectativa de vida e sustentabilidade que ela está se mostrando um estimulante para o surgimento de oportunidades na área de inovação.
E como é que você avalia esse cenário no Brasil? Você está bem próximo do ecossistema de inovação, até porque é investidor em startups.
Acho que nós estamos neste momento repetindo modelos que já aconteceram fora. De novo, com certo exagero. Tem muita coisa que é colocada aqui dentro e que, na lógica da prática assistencial, não agrega valor. E essa talvez seja a minha crítica de como lidar com a inovação. Porque existe uma lógica de natureza financeira.
Esses jovens vão lá e oferecem soluções, montam planilhas de Excel e falam de mercados enormes, mas, na realidade, isso não agrega valor à prática assistencial.
Então não ocorre a adoção da solução. Todo mundo fala do ecossistema de Israel, mas tem muita coisa que é feita em Israel que não serve para absolutamente nada. Vem com label de Israel e a pessoa já acha o máximo. Tenho a impressão que a gente vai repetir muita coisa, mas, de novo, acho que saúde tem que ter liderança médica, porque liderança médica é que consegue de fato observar se aquilo que você está trazendo vai agregar valor. Se não agregar valor, melhor que você não tente trazer.
E o que você tem visto que de fato acredita que agregue valor?
Num sentido mais amplo, acho que a genética está trazendo muita coisa interessante, acho que a inteligência artificial está trazendo muita coisa interessante e vejo que existem aplicativos muito interessantes, alguns que permitem até um quase autoatendimento – e nesses campos eu observo que exista grande ganho.
Já que estamos falando de tecnologia e valor, na prática o que o 5G pode trazer de ganho para a saúde?
A primeira coisa é a velocidade. Isso, em algumas coisas, é importante – principalmente se a gente quiser fazer convergência tecnológica, associar a imagem obtida com tratamento – ou seja, aquilo que é diagnóstico passa a ser utilizado também para tratamento. Plataformas que possam casar essas coisas com velocidade muito maior vão ser importantes para medidas que exigem raciocínios mais rápidos. Do que no fundo você estamos falando? Estamos falando de dados, de algoritmos, redes neuronais e de interferências. Para determinadas interferências, um fator limitante é o tempo. Então, no momento em que você consegue rapidamente trazer respostas, consegue interferir mais rapidamente na assistência – e o tempo na assistência é um dos fatores que o Institute of Medicine [IOM, dos Estados Unidos] entrega como sendo um dos pré-requisitos de qualidade.
O Hospital Israelita Albert Einstein é reconhecido como um centro de excelência e de inovação. Foi sua ideia criar lá uma Diretoria de Inovação. Que diferença isso traz?
Uma das coisas mais difíceis é quando você tem uma grande corporação que funciona bem, que é líder de mercado, que faz as coisas muito bem-feitas, mas que, evidentemente, para chegar nisso criou regras de governança que, às vezes, a engessam por compliances que têm que existir.
Esse cenário não é um cenário fértil para haver a flexibilidade necessária para organizações que estão criando inovação.
Quando criamos inovação aqui dentro, a ideia era: espera um pouquinho, deixa eu montar um capítulo à parte onde as regras relacionais seguem compliance, mas onde haja também um pouco mais de leveza na mecânica decisória. Quando você dá uma visão dessa natureza, cria realmente um ambiente propício. É o ideal?
A meu ver o ideal é que todos os setores do hospital estivessem também focados e concentrados em inovações.
Mas, na prática, isso não acontece justamente por causa daquela tal burocratização que engessa a capacidade criativa de uma organização.
Como presidente do Conselho, qual seu papel no que diz respeito à inovação do Einstein?
O presidente do Conselho tem uma função estratégica. Toda a questão estratégica é discutida comigo. E posso dizer que uma das grandes virtudes do Einstein é termos uma cultura decisória muito colegiada. Quando eu era o presidente da Diretoria Executiva, tinha um presidente do Conselho com quem eu dialogava permanentemente, e agora sucede de forma parecida. A única coisa é que o presidente do Conselho agora sou eu.
É essa boa harmonia que existe entre todos nós que permite principalmente que as questões estratégicas sejam debatidas de uma maneira bastante exaustiva e com muita profundidade.
O que mudou para mim é que as coisas mais operacionais já não fazem parte do meu dia a dia. Para isso, nós temos um diretor-geral contratado e um presidente de uma Diretoria Executiva que, coincidentemente, no presente momento são pessoas maravilhosas com quem eu adoro trabalhar.
E sua relação com inovação e tecnologia tem a ver com a sua especialidade, oftalmologia?
Você chamou bem a atenção porque minha especialidade vive muito de inovação e cresceu muito. Olha quanta coisa surgiu: laser para correção de miopia, lentes intraoculares, lentes multifocais, doenças retinianas que agora são tratadas e que antes não eram, a cirurgia de vitrectomia, que mudou o contexto da cirurgia de descolamento de retina…
Quer dizer: a minha área sempre trouxe muito desse universo da inovação, mas tem algumas outras passagens que foram interessantes.
Uma delas foi quando eu fui convidado para fazer uma visita, recém-formado, para um laboratório privado. De forma geral, a gente sempre teve receio das relações com a indústria. E eu percebi o seguinte: grande parte da inovação, talvez mais do que dentro da área pública ou da área acadêmica, acontece no mundo privado.
Quebrei esse preconceito em relação à indústria muito jovem na minha vida e comecei a me aproximar muito dela.
Quando tive funções hospitalares, me aproximei de muita gente da indústria e fui ver o que eles faziam. Essas grandes empresas, tanto farmacêuticas quanto de devices, de aparelhos diagnósticos, sempre foram companhias com quem mantive uma relação muito intensa. E isso facilitou e favoreceu para que eu pudesse justamente estar aberto a esse tipo de movimento. Por isso que gosto muito de inovação e a acompanho de perto.
Essas coisas foram se somando e o cenário de inovação acabou aparecendo de maneira muito intensa no espaço onde eu sempre vivi.
No hospital, tive a sensibilidade de perceber que nosso setor de pesquisa sempre pesquisava muito e publicava muito, mas era pouca coisa translacional. Eu falei: espera um pouquinho, e na beira do leito, o que a gente faz? A gente precisa de alguém que consiga ser mais objetivo. E então colocamos alguém que trabalhava na frente de inovação no sentido não só de publicar trabalhos, mas para medir o efeito lá na ponta. Isso no fundo foi, de certa forma, alimentando o que nós temos hoje da nossa Eretz.bio aqui no Hospital Israelita Albert Einstein.
E de onde vem sua veia empreendedora? Por que você resolveu criar uma rede de clínicas?
Na minha vida, nunca planejei certas coisas e acabei fazendo. Quando surgiu a cirurgia de miopia, ela era uma inovação. E percebi que, para ampliar o meu atendimento de miopia e operar, eu precisava ter estações de captação. E comecei a fazer clínicas-satélites, aproveitando líderes da área da saúde que me ajudaram a construir o modelo. A rede foi a primeira operação consolidada de clínica oftalmológica do Brasil, talvez a mais bem-sucedida. Foi vendida há praticamente 4 anos e meio.
Sempre acreditei em modelos novos, sempre fui uma pessoa empreendedora.
Acompanhava meu pai, hoje meus filhos me acompanham. E, muito embora eu seja um médico, sempre gostei muito de assistir e ver coisas de construção civil, sempre trabalhei com foco em investir em imóveis, sempre gostei de coisas da indústria. Hoje estou em frentes de indústria também, sou investidor, acompanho de perto.
Mas tem uma coisa que sempre procurei fazer que acho que é absolutamente vital: eu acreditei na inovação, mas acreditei também nos inovadores.
Ou seja, sempre respeitei muito as pessoas que têm o conhecimento técnico, dando a elas autonomia, e não querendo fazer por elas. Trabalhando em conjunto, e não mandando. Nunca fui para um congresso e quis saber detalhes de um aparelho que a gente ia comprar para o hospital. Queria saber a tendência. Para os detalhes, havia gente no meu time que cuidava. Meu modelo de empreender é fazer voos de helicópteros sobres as árvores olhando a floresta – e não olhando cada uma das árvores. Esta é a história de grande parte dos meus movimentos.
Como você enxerga o ecossistema de inovação no país em 5 ou 10 anos?
Eu acho que vai mudar muita coisa. Vejo no futuro modelos muito mais leves, fortalecimento da atenção primária, fortalecimento de base de telemedicina. Vejo modelos em que vai ter medicina preditiva, porque agora temos dados, temos genética. E isso não vai demorar 10 anos. Isso vai acontecer em breve – já está inclusive acontecendo, talvez em velocidades diferentes nas diferentes partes do nosso país, mas já está acontecendo
Você acha que vamos aprender a nos preocupar mais com a atenção primária?
Tenho certeza disso porque, na verdade, a mudança da atenção primária com coordenação do cuidado, que é o ideal porque resolve 90% dos casos com uma única consulta, passou a surgir, mas depende de uma mudança de cultura porque as pessoas ainda acham que o hospital é melhor e que resolve mais.
Acontece que mudar uma cultura é muito difícil.
Muda-se cultura principalmente se aquilo faz sentido econômico, e a população está dizendo o seguinte: essa medicina cara que está aí eu não posso pagar. Então ela está sendo recompensada por modelos inovadores e mais baratos. Acho que isso vem para ficar também.
Que notícia você gostaria de ler sobre a saúde hoje no país?
Gostaria de hoje abrir o jornal que diz: “O Brasil atingiu a imunidade de rebanho”. Nada pode ser mais prioritário do que isso, nada. E, se não focarmos nisso, vamos nos deixar levar por ideias equivocadas a respeito do contexto da relação social no nosso país e no mundo.
Sei que todos estão muito preocupados com seus negócios, todos estão muito preocupados com sua sustentabilidade, mas nada mais importante do que a vida.
E, no momento em que você viabiliza a vida, o desdobramento é a viabilidade de todas as outras coisas. Por isso essa é a notícia que eu mais queria ler. E acho que o Brasil tem tudo para fazer isso, tem uma cadeia capaz de distribuir vacina para resolver o problema do país com as doses que precisa em 6 meses. São 36 mil pontos de vacinação. Nós temos fábricas fechadas que, se elas tivessem os IFAs, os ingredientes farmacologicamente ativos – que não é o princípio da vacina, mas está todo mundo chamando assim –, poderíamos produzir as vacinas no nosso país.
Para fazer isso, teríamos que despolitizar esse debate e transformá-lo, sim, em uma política de saúde – e não uma política de debate eleitoral.
A minha expectativa era poder ler algo dessa natureza. Mas eu sou otimista. Continuo mantendo o otimismo porque acho que Deus é brasileiro acima de tudo. Considero que há de prevalecer o bom senso, há de prevalecer o interesse da sociedade. Nós temos que ajudar essa sociedade a demandar e exigir por parte dos governantes maturidade para que isso aconteça. Só isso pode nos livrar da pandemia e certamente nos colocar pelo menos num cenário de um novo normal muito mais acessível, muito mais humano do que aquilo que a gente está vivendo agora.
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