• Como transformar uma empresa em um ambiente family friendly de verdade? Essa é a missão da Bloom

    Antonia Teixeira e Roberta Sotomaior, sócias da Bloom
    Adriana Cardillo | 20 set 2021

    Valorizar o colaborador é um mantra antigo no mundo corporativo. Com a pandemia, muitas empresas precisaram correr para tirar do papel propostas de melhorias no bem-estar de seus times e, de fato, praticá-las. 

    Durante o isolamento social, casas, famílias, filhos e pets participaram das reuniões online e o home office escancarou para as lideranças que existe vida além do escritório. 

    Com isso, oferecer um ambiente de trabalho family-friendly deixou de ser um plano e já virou realidade para muitos RHs e gestores de corporações.

    Com foco mais amplo – e não somente no funcionário –, chega a Bloom, uma startup liderada por mulheres que apoia famílias em como lidar com os múltiplos desafios que surgem no cotidiano do trabalho e da criação dos filhos. 

    Muito além de um benefício corporativo tradicional ou de um plano de saúde, o serviço oferecido pela Bloom usa a tecnologia para transformar a relação entre adultos e crianças, famílias e empresas.

    “Entendemos que para transformar o mundo precisamos olhar para quem está gerando a próxima geração”, diz Roberta Sotomaior, cofundadora e CEO da startup. 

    “A Bloom mostra que empresas podem e devem ser parte da rede de apoio das famílias que contribuem diariamente com seus negócios.”

    UMA PLATAFORMA COM SOLUÇÕES PARA PAIS E EMPRESAS

    A Bloom conta hoje com uma plataforma de serviços digitais que leva para a jornada da parentalidade uma orientação personalizada, além de melhores práticas de gestão para empresas conscientes. 

    “Conectamos mãe e pais a uma rede de pediatras, obstetras, doulas, nutricionistas, psicólogos, orientadores de carreira e outros profissionais. E apoiamos gestores a entender melhor como lidar com esse mundo familiar”, explica Roberta.

    Para as empresas, contar com um serviço como este representa reduzir os custos com saúde, na medida em que evita consultas e idas aos pronto-atendimentos desnecessárias, além de diminuição do número de cesáreas e até internações em UTI pré-natal. 

    Já para o colaborador, é um cuidado muito além do que ele está habituado. E isso impacta diretamente na qualidade do trabalho e na produtividade. 

    “Diversas empresas já entenderam e estão olhando muito fortemente para a marca empregadora”, afirma a empreendedora, que tem a administradora Antonia Teixeira como sócia na Bloom. 

    “As que estão adiantadas em questões de equidade, por exemplo, vão cada vez mais adotar ações family friendly e servir de farol para outras.”

    Hoje a Bloom oferece um aplicativo fácil de usar, onde é feito um check-in com uma enfermeira que vai ouvir a questão do usuário e encaminhar para um profissional adequado.

    As consultas são feitas por telemedicina e são oferecidas para homens, mulheres e filhos de até 10 anos. O app também conta com conteúdos exclusivos e explicativos sobre questões como autocompaixão para uma maternidade mais leve, apoio a mães e pais que trabalham e parentalidade e trabalho. 

    Além disso, grandes nomes da pediatria e da medicina em geral, da psicologia e da psicanálise contribuem com vídeos e áudios com informações úteis para toda a família.

    MULHER É RESPONSÁVEL POR 80% DO TRABALHO EM CASA

    Por ser uma startup de impacto social, a Bloom olha a fundo as questões das mulheres nas empresas. O cenário da pandemia trouxe dados alarmantes sobre o papel feminino no ambiente profissional. 

    Segundo o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), mulheres dedicam até 25 horas semanais aos trabalhos domésticos, enquanto os homens dedicam 10 horas no mesmo período. 

    Cuidar das crianças, organizar as tarefas domésticas, zelar pelos parentes doentes e dar conta do serviço da casa – tudo isso recai sobre as mulheres, responsáveis por quase 80% de todo o trabalho invisível dentro de casa, segundo levantamentos da startup. 

    E é sempre bom lembrar que muitas conciliam essa lista toda com o trabalho formal, com reuniões online e entregas sem fim. 

    A cobrança por resultados e produtividade foi o estopim para o aumento de casos de bornout, fenômeno ligado ao trabalho que afeta a saúde. 

    Segundo a Isma (International Stress Management Association do Brasil), cerca de 30% dos brasileiros sofrem com a doença. 

    Estresse constante, exaustão mental, fadiga, dores de cabeça e musculares e irritabilidade são os sintomas mais comuns da síndrome do esgotamento profissional, causada principalmente pela alta tensão no trabalho.

    “Nossa missão é fazer a integração entre vida pessoal e profissional. Ao unir educação e saúde, ajudamos a empoderar famílias para uma melhor tomada de decisão”, afirma a CEO. 

    “Na outra ponta, treinamos gestores para que desde a entrevista de emprego enxerguem essa conexão entre as pessoas e sua vida como um todo, principalmente as mulheres”, continua ela. 

    “Os desafios que estamos encontrando são muito reflexos dessa cultura que sempre menosprezou a saúde da mulher, por exemplo.”

    Mesmo olhando com atenção e cuidado os homens nas corporações, é na solução para melhorar a jornada feminina que a Bloom tem se destacado. 

    Por isso mesmo que se considera uma femtech, pois acompanha as fases da profissional de maneira empática e informativa. Entre os serviços prestados, estão doulas, especialistas em adoção, amamentação e reprodução. 

    “Também somos o único benefício familiar que acompanha a jornada até os 10 anos de vida das crianças”, explica Roberta. 

    “Está tudo interligado, não dá mais para ter um olhar fragmentado sobre as relações de trabalho”, explica Roberta. 

    STARTUP CRIOU CAMPANHA PARA CONTRATAR GRÁVIDAS

    Encontrar soluções para as jornadas das mulheres no ambiente de trabalho fez os olhos da CEO da Bloom brilharem. Após fazer um mestrado em Boston sobre negociação internacional e resolução de conflito, Roberta se tornou pesquisadora em Harvard e na World Peace Foundation. 

    Mas ainda faltava algo. E ela decidiu investir tempo e conhecimento para pavimentar um caminho árduo, porém cada vez necessário na sociedade.

    Para acabar com o preconceito no mercado de trabalho com as gestantes, a Bloom lançou a campanha “Contrate grávidas”. 

    “Nosso sonho é visibilizar e valorizar as famílias no contexto do setor privado e oficializar o papel das empresas como sua rede de apoio. Convidamos todos a receber grávidas em seus processos seletivos e acolher as futuras mães”, diz. 

    Em tempos de agenda ESG dominando a discussão corporativa, não dá mais para pensar no colaborador isolado de todo o resto de sua vida. Principalmente as mulheres. 

    Enquanto dados oficiais do IBGE mostrarem que, em países como o Brasil, 62,6% dos cargos gerenciais são ocupados por homens e 37,4% pelas mulheres, é preciso estar alerta. Está mais que na hora de olhar com atenção para o S da famosa sigla.

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