• Como inovar à frente de uma clínica? Cinco fatores críticos para ter sucesso na próxima década

    Para Éber Feltrim, especialista em gestão de negócios e marketing de clínicas, hoje não basta pensar fora da caixa: é necessário chutar a caixa e criar um novo formato de trabalho
    Jose Renato Junior | 28 dez 2020

    Discorrer sobre a inovação é algo amplo na gestão de clínicas, hospitais e consultórios. Enquanto gestor e professor, posso dizer que a disruptura, transformar o antigo em novo dando outra cara para processos e procedimentos, é o que tem trazido retorno nos últimos anos. 

    É possível dizer que esse foi o método utilizado pelo Airbnb, Uber e Netflix, produtos que pensamos ser novos, mas, na verdade, já existiam e foram repaginados. Hoje não basta pensar fora da caixa: é necessário chutar a caixa e criar um novo formato de trabalho. Como diz o estrategista americano Michael Porter: inovação é você saber para onde os clientes estão indo e chegar lá primeiro.

    Não somente clínicas, consultórios, hospitais e laboratórios precisam inovar, mas todos os segmentos de negócios necessitam estar aptos a fazer mudanças e melhorar. 

    Negócios na área da saúde podem parecer muito complicados e precisam de um bom investimento para que tudo funcione plenamente. Mas ainda assim é possível fazer economia inteligente utilizando justamente ferramentas inovadoras que o mercado proporciona, como programas que fazem o controle e gestão de estoque, suprimentos e outras necessidades de uma clínica. 

    Muitas vezes já estive em locais que tinham uma enorme quantidade de materiais vencidos por falta dessa administração. E o contrário também ocorre com ainda mais frequência: faltam produtos durante o trabalho e é preciso correr para dar conta da demanda.

    Olhando para o futuro, como estrategista posso dizer que a grande inquietude dos empresários da área será em como manter as clínicas e consultórios com um bom fluxo de clientes fiéis, com uma imagem e financeiro sólidos o suficiente para que essas características sejam mantidas. 

    E planejamento estratégico, conhecimento do público-alvo e inovação são essenciais para que isso aconteça. Abaixo, aponto cinco fatores críticos que vão fazer toda a diferença entre o sucesso e o fracasso nos próximos anos.

    1) É preciso tecnologia, mas também humanização
    Ressalto essencialmente duas coisas: tecnologia e humanização. Do ponto de vista tecnológico, tanto na parte técnica quanto na especialidade, os profissionais precisam ter o material necessário para se destacar, o que inclui aparelhos, sistemas, computadores etc. 

    Soluções de gestão das informações da clínica ajudam a ter controle de todos os dados: das referentes aos clientes até o estoque, passando pelo pós-venda e entradas e saídas do consultório. Isso certamente impacta no sucesso da empresa e na aderência dos clientes. 

    Já em relação à humanização, pode parecer algo mais antigo, mas como consultor vejo que existe uma alta demanda de qualidade em atendimento e serviços – e com razão. Qualquer estabelecimento pode ser prejudicado com reclamações na internet e marketing negativo, perdendo a oportunidade de conquistar e fidelizar novos clientes. 

    2) Descer do “Olimpo” é essencial
    Para alcançar um negócio de sucesso, também é importante que o gestor da empresa esteja ciente de tudo que ocorre e procure maneiras de melhorar. Estima-se que apenas 4% dos acontecimentos chegam à diretoria de uma empresa. 

    Minha dica é sempre buscar informações com todos os colaboradores para ter uma visão ampla das falhas e das possibilidades, envolvendo todos numa solução através de brainstorming. A direção de uma empresa não pode ser resistente à inovação, mas é útil criar padronizações para evitar desorganização no ambiente de trabalho, especialmente quando se trata de saúde.

    3) Não se esqueça de que o cliente é o centro da questão
    As novidades ainda podem ser algo negativo para alguns clientes que estão acostumados a cuidar de suas questões de saúde da maneira tradicional. Para isso, é fundamental que os clientes possam se expressar e tenham suas opiniões ouvidas. 

    Aposte em pesquisas de satisfação e seja disponível para que qualquer aflição do cliente seja solucionada. E conheça a percepção dos pacientes com relação ao trabalho que está sendo feito. Assim é possível entregar ainda mais do que é esperado. 

    4) Medidas de biossegurança vieram para ficar
    No momento, a mudança mais urgente é relacionada à higiene e biossegurança. Isso deve ser uma preocupação não somente das equipes, mas também dos clientes, que estão cada vez mais exigentes. Essas medidas devem ficar como herança da pandemia.

    5) Preocupe-se com a qualificação técnica da equipe 
    Um bom time promove a cultura da inovação sem muito esforço. Lembro aqui que o porteiro e o médico são parte de um mesmo time e todos fazem uma grande diferença no serviço oferecido. 

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    Formado em odontologia, Éber Feltrim é fundador da SIS Consultoria, especializada em gestão de negócios e marketing de clínicas de saúde.

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