Toda a vez que vamos a uma consulta médica munidos de exames, é comum que o médico leia o resultado do diagnóstico baseado nos valores de referência do laboratório. Isso ocorre porque, para fazer uma interpretação detalhada e personalizada dos exames, é necessário um tempo de consulta e entendimento das tabelas de resultados que, na maioria das vezes, os profissionais não possuem.
O lado negativo disso é que, ao realizar o cálculo minucioso dos diagnósticos, é possível encontrar indícios de doenças que podem surgir no futuro. E foi com o pensamento de encontrar uma solução para esse problema que a turismóloga e nutricionista Karla Lacerda uniu-se ao professor, nutricionista, farmacêutico bioquímico e estudioso da mecânica de resultados laboratoriais, Gabriel de Carvalho, para criar uma tecnologia para interpretar os exames laboratoriais em poucos minutos. Assim começa a história da healthtech CalcLab.
De acordo com a CEO Karla Lacerda, o software toma como base cerca de 400 regras de interpretação de diagnósticos laboratoriais. “A partir daí, por meio da aplicação de cálculos e conversão de unidades, o sistema entende e processa exames de sangue e urina de qualquer laboratório do mundo”, explica.
De uma forma prática, o CalcLab funciona assim: imagine um paciente chegando ao consultório com exames de check-up.
O software calcula os valores de triglicerídeos, colesterol HDL, proteína C-reativa e ácido úrico e é capaz de projetar, a partir desses dados, se a pessoa tem um risco maior ou menor de desenvolver síndrome metabólica e doenças cardiovasculares.
Esse resultado é o que a ferramenta classifica como valores ideais dos parâmetros dos exames do paciente.
“O CalcLab é único por permitir o processamento automatizado de parâmetros de mais de 800 laboratórios nacionais, americanos, chilenos, portugueses, espanhóis e até dos Emirados Árabes. Foi um desafio grande, pois cada laboratório adota um padrão de laudo e de unidades de medidas diferentes. Mas nosso software aplica todos os ajustes necessários em segundos”, conta Karla.
Ao usar valores ideais e não os de referência, o software identifica índices que estão próximos do limite, apontando, de forma preventiva, parâmetros que devem ser tratados com atenção pelos profissionais de saúde.
Segundo a CEO, uma interpretação completa e minuciosa de um exame de sangue pode levar até 30 minutos, e inclusive, precisa de cálculos dificilmente executados de cabeça. Fora isso, são necessários anos de estudos para executar tal tarefa de forma precisa.
“O CalcLab funciona como uma calculadora rápida, eliminando erros, e entregando para o profissional de saúde todos os cálculos e relacionamentos entre exames prontos e visualmente organizados. E aí, cabe ao profissional de saúde unir as informações do software com outros fatores externos para então adotar sua conduta, seja médica ou nutricional”, afirma. Dessa forma, o médico ganha tempo para evitar que doenças, principalmente as crônicas, se desenvolvam.
“As condições que podem ser prevenidas são inúmeras, mas posso citar diabetes, hipertensão, síndrome metabólica, deficiências nutricionais e suas consequências, como hipercolesterolemia, alguns casos de hipotireoidismo, doenças coronarianas e cardiovascular etc.”, afirma Karla.
Para quem está do outro lado da mesa de consulta, a vantagem é que os alertas para doenças e alterações no organismo detectados pelo software, muitas vezes, antecipam sintomas que o levariam a buscar orientação profissional.
“O CalcLab faz um cruzamento entre todos os dados dos exames e é capaz de mostrar sinais da saúde geral do paciente, sendo necessário, muitas vezes, o encaminhamento para médicos de outras especialidades”, conta Karla.
A tecnologia também gera benefícios aos pacientes que já apresentam problemas diagnosticados. Isso porque o CalcLab facilita o controle dos exames e indica possíveis alterações que poderiam agravar o quadro. “Além disso, o sistema continua varrendo os outros exames a fim de evitar doenças que possam surgir em razão de uma condição já instalada, como, por exemplo, doença cardiovascular e renal”, diz Karla.
Bastante conhecido por ser o modelo de negócios de empresas como Netflix e Spotify, o CalcLab também segue o chamado Software as a Service. Ou seja, ele funciona como uma assinatura mensal em que o profissional da saúde pode processar quantos exames precisar.
“Acredito que esse seja o modelo mais justo para os dois lados, pois garante uma previsibilidade de caixa para a empresa, e nosso cliente tem sempre disponível um serviço atualizado. Afinal de contas, precisamos investir em constante evolução para surpreender sempre”, argumenta a CEO.
Atualmente, a healthtech tem mais de 5.000 profissionais utilizando a plataforma. “Nosso objetivo é chegarmos em 90.000 assinantes em 5 anos”, antecipa Karla.