Você sabe como medicamentos são desenvolvidos? Pois a Bayer ensinou durante uma conferência para a imprensa especializada, entre 09 e 12 de maio de 2022, em Buenos Aires, Argentina.
O encontro reuniu cerca de 20 jornalistas que, durante os quatro dias conversaram com representantes da farmacêutica sobre o crescimento da companhia em 2021, sobre o desenvolvimento de medicamentos, sobre a distribuição e o plano de acesso aos produtos na América Latina, e, é claro, sobre as estratégias de inovação da empresa.
Em uma das principais programações do evento, Hector Miranda, diretor médico da Bayer Cone Sul, detalhou o processo de desenvolvimento e fabricação de medicamentos na indústria farmacêutica.
De maneira geral, o processo de desenvolvimento de um novo fármaco é dividido em cinco etapas e o tempo médio entre a primeira e última é de cerca de 15 anos.
As etapas de desenvolvimento são:
• Investimento básico;
• Fase pré-clínica (com testes in vitro);
• Fase clínica (com testes em humanos);
• Aprovação;
• Comercialização.
Por ano, a indústria farmacêutica trabalha com milhões de novas moléculas a fim de gerar fármacos inéditos, mas poucos chegam à fase de comercialização.
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), “de cada 10.000 moléculas testadas, apenas uma se torna um medicamento que será comercializado.”
O longo processo de criar novos medicamentos expõe os desafios de Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) da indústria farmacêutica. Prova disso foi a corrida pela produção de vacinas para a Covid 19. O longo prazo desta cadeia, dos testes até um novo produto estar disponível para as pessoas, foi um dos motivos que gerou desconfiança em parte da população em relação à eficácia das vacinas desenvolvidas em tempo recorde.
Reverter essa concepção em um mundo pós-pandêmico está entre os desafios da Bayer e da indústria farmacêutica como um todo. Miranda ressalta que a falta de informações, os entraves nas relações com as agências regulatórias e a dificuldade de diálogo com pequenas empresas são as principais barreiras no processo de P&D da indústria.
Apesar destes entraves, a Bayer promete lançar mais de 30 novos fármacos na América Latina em 2022. Durante a conferência em Buenos Aires, Eli Marcelo Lakryc, diretor de Assuntos Médicos Brasil & LATAM, apresentou as principais apostas da companhia para este ano. São eles:
Darolutamida
O medicamento, que reduz o risco de morte em até 31% para pacientes com câncer de próstata, foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 2020 e só há pouco chegou ao mercado brasileiro.
Finerenona
Testado em estudo financiado pela Bayer, o fármaco mostrou redução de risco de progressão da doença renal crônica em pacientes com diabetes tipo 2.
Vericiguat
Estudos da Bayer mostraram que a droga reduz o risco absoluto de hospitalização ou morte para pacientes com insuficiência cardíaca em até 5%. A medicação deve chegar às farmácias ainda este ano.
Elinzanetant
Aposta da Bayer para mulheres em período de menopausa. A expectativa é que o fármaco alcance um bilhão de mulheres que não querem ou não podem fazer reposição hormonal.
Assundexian
O medicamento previne o risco de trombose e embolia em mulheres – o desenvolvimento ainda está na etapa clínica (fase 3).
Além dos novos medicamentos, a farmacêutica vem investindo em pesquisas de terapia gênica e celular. Lakryc explica que a Bayer comprou empresas e estabeleceu parcerias para desenvolvimento de pesquisas sobre terapia celular, que utilizam o desenvolvimento de células para tratar anomalias.
O diretor também menciona investimentos da empresa em terapia gênica, que trabalha o uso do material genético das células como medicamento. Sobre essas inovações, Lakryc comenta:
“Hoje, tratamos doenças. No futuro, queremos curá-las por meio de genes.”
No fim de 2020, a Bayer anunciou o lançamento de uma plataforma de terapia celular e gênica, a Cell and Gene Therapy Platform, a C>, em sua divisão farmacêutica. Desde então, a unidade “abriga” as empresas adquiridas e as iniciativas relacionadas aos temas.