Depois de aporte de R$ 110 milhões, Beep Saúde quer oferecer vacinas e exames em domicílio em 200 cidades

A Beep Saúde surgiu em 2016 com um objetivo para lá de ousado: ser um aplicativo referência quando o assunto é saúde. 

“O consumidor brasileiro possui no seu smartphone aplicativos bem definidos para resolver demandas diárias como alimentação, transporte, comunicação e entretenimento. No entanto, em relação à saúde não existia nenhum aplicativo que fosse ‘top of mind’”, diz Vander Corteze, fundador da empresa. 

Este ano, a startup fechou sua rodada de investimento série B (quando já está consolidada no mercado). O fundo americano Valor Capital Group liderou o aporte de R$ 110 milhões, com participação da DNA Capital, Bradesco e Endeavor Catalyst. David Vélez, fundador e CEO do Nubank, entrou como investidor-anjo.

A Beep começou oferecendo algo que, em 2021, soa como uma ilha de tranquilidade em meio ao maremoto sanitário em que vivemos: vacinas em casa.

O cliente baixa o aplicativo, compra um pacote ou doses individuais e agenda a visita. Os preços variam de R$ 93 (dose para hepatite B infantil) a R$ 955 (pacote com doses para meningite).

Com o tempo, a empresa carioca aumentou o leque de serviços, que agora também inclui exames. Tem teste do pezinho para recém-nascidos, sexagem fetal e, sim, exame de Covid-19. 

“A procura por testes para Covid, apesar de muito grande, não é algo que guia nossas estratégias, pois entendemos que a tendência é a diminuição drástica, devido ao avanço da vacinação”, explica Vander. 

E a vacina, por falar nisso? O empresário diz que está aguardando a liberação para oferecê-la no setor privado, algo que, nos últimos meses, motivou debates acalorados tanto no Congresso como em grupos de Whatsapp. 

DE OLHO NO FUTURO COM A COVID ENTRE NÓS

Mas ele está de olho além: em um futuro sem pandemia, mas com o vírus Sars-coV-2. “Alguns especialistas acreditam que a vacinação contra a Covid pode ter um caráter de periodicidade, semelhante ao da gripe, o que traria um impacto enorme no mercado de imunizações no Brasil.” 

Ian Lipkin, diretor do centro de infecção e imunidade da Universidade Columbia (EUA) e um dos maiores especialistas do mundo nos chamados vírus emergentes, acredita que o transmissor da Covid-19 continuará entre nós para sempre.

A pandemia, sem dúvida, impulsionou o crescimento da Beep. Para Vander, ela acelerou uma tendência que já vinha de antes de o coronavírus tomar o mundo: o consumo de saúde domiciliar. 

“Isso fez com que a procura pelos nossos serviços aumentasse muito, reduzindo drasticamente o chamado ‘custo de aquisição do cliente’”, explica.

Hoje, a Beep visita cerca de 20 mil residências por mês. Ela tem 630 funcionários, há 200 vagas abertas para contratação imediata e o faturamento vem triplicando ano a ano. 

Com o aporte de R$ 110 milhões, o plano é expandir a cobertura e os serviços de exames laboratoriais, além de incluir novidades como entregas de medicamentos. 

A healthtech atua em cerca de 100 cidades do Rio de Janeiro, Distrito Federal, São Paulo e Paraná. Até o fim do ano, deve dobrar o número de municípios, chegando também a Minas Gerais e ao Espírito Santo. 

UM EMPREENDEDOR COM DISCIPLINA MILITAR

Vander Corteze é médico formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Estudou gestão de negócios no Ibmec e tem no currículo o que acredita ser um diferencial: foi médico oficial do Corpo de Bombeiros do Rio. 

“Não acredito que seria possível crescer e manter o altíssimo nível de satisfação sem uma rotina militar, com muita disciplina”, diz.

Antes da Beep, ele era CEO e cofundador da BR MED, hoje um grupo de medicina do trabalho que conta com 12 clinicas próprias e mais de 300 credenciadas, e realiza mais de 1 milhão de exames por ano.

Com o crescimento da Beep, Vander de novo apostou alto – e passou a se dedicar inteiramente ao novo empreendimento.