Para um novo medicamento, vacina ou tratamento ser aprovado e liberado para o mercado, ele passa por um longo e custoso processo de pesquisa e desenvolvimento (P&D). O processo pode levar mais de 10 anos e os valores ultrapassarem US$ 1 bilhão. Enquanto alguns deles, bancados pelo governo e pela indústria farmacêutica, conseguem vencer todas as etapas e chegar até o médico e o paciente, uma grande parte dos candidatos a remédio comercial fica pelo caminho devido à falta de dinheiro e estrutura.
Para mudar este cenário, nasceu, em agosto de 2021, a MKM Biotech. A empresa de investimentos com foco em biotecnologia é uma iniciativa de um grupo de empresários com anos de experiência no setor farmacêutico (Kleber Miranda, CEO da Molkom; Moacyr Bighett, CEO da PHP Biotech; Paulo Nigro, CEO do Hospital Sírio Libanês, e Henrique Abreu, sócio da OWL Brasil) e visa fazer medicamentos e produtos inovadores saírem do papel para levar bem-estar à população.
“Gostamos de falar que investimos em Venture Life Science e em soluções que inspiram a cura”, comenta Carlos Zago, CEO da companhia.
“O que queremos é que as pesquisas científicas não acabem em uma publicação, e, sim, se tornem produtos e serviços para os pacientes e recursos para médicos e hospitais.”
O executivo acrescenta que o Brasil é um território fértil para a biotecnologia e que ainda há muita oportunidade a ser explorada:
“Temos, hoje, a maior biodiversidade do mundo e umas das maiores produções científicas em volume. Essa soma deveria resultar em diversas soluções, mas infelizmente não é a realidade. Quase não temos remédios 100% brasileiros no mercado.”
Zago comenta, ainda, que a MKM procura parceria com pesquisadores e startups com potencial para fazer surgir novos tratamentos e produtos que vão gerar benefícios para as pessoas”.
Na prática, o que a MKM Biotech faz é apoiar financeiramente negócios emergentes em saúde e estudos em biotecnologia a fim de acelerar seus processos. Na primeira rodada de investimento, que vai até 2023, a empresa está selecionando 10 iniciativas relacionadas a novos medicamentos, moléculas, exames, vacinas, tecnologias e equipamentos, e que, preferencialmente, estejam no estágio pré-clínico dos ensaios.
Cada uma receberá entre R$ 200 mil e R$ 400 mil em aporte semente para tocar o projeto. Além disso, contará com toda uma estrutura de backoffice, englobando as áreas jurídica, contábil, financeira, marketing, branding e design, conversas com investidores anjo e fundo de investimentos, criação de site e até a construção da presença em redes sociais, caso seja necessário.
“Nossa proposta não é fornecer apenas recursos financeiros, mas deixar tudo em ordem e profissionalizar a startup ou a pesquisa para que ela possa completar os estudos e receber novos rounds de investimentos. Queremos possibilitar que o pesquisador ou o empreendedor foque na ciência enquanto cuidados dos demais aspectos da operação”, aponta o executivo.
A partir dos investimentos, a MKM Biotech, que faz parte da FCJ Venture Builder, multinacional que conecta startups, investidores, corporações e universidades, se torna sócia estratégica do negócio, com participação de 10%.
A empresa permanecerá assim até a finalização dos testes pré-clínicos, quando a solução já estará em um estágio mais avançado e poderá ser licenciada ou vendida para a indústria farmacêutica, por meio de M&A (Mergers and Acquisitions ou fusões e aquisições, em português), ou receber outros investimentos para, enfim, ser lançada comercialmente.
Segundo Zago, a organização está em busca de startups e pesquisas de biotecnologia que tenham maturidade tecnológica, resolvam problemas relevantes e, principalmente, ofereçam uma solução única e exclusiva, já patenteada ou que possa receber uma patente. Elas também devem contar com sócios ou pesquisadores dedicados e serem compostas por uma equipe de especialista no setor.
Junto com soluções para a saúde humana, a MKM Biotech também está avaliando novidades na área veterinária. Para identificar todas elas, conta com uma equipe formada por profissionais do setor médico e de biotecnologia. Eles são responsáveis por avaliar o potencial de novas tecnologias, verificar se já existem patentes relacionadas e se os estudos estão corretos e são confiáveis – além de checar toda a parte regulatória.
Por enquanto, três iniciativas já receberam investimentos. Uma delas é a Remederi, startup que atua no segmento de cannabis medicinal. As demais ainda estão correndo em sigilo e não podem ter seus nomes divulgados, mas o CEO adianta que elas são relacionadas à área de oncologia.
“Estamos buscando ativamente boas soluções de biotecnologia, fazendo contato com investidores anjo e fundos de investimento e nos aproximando de pesquisadores, de universidades e de centros de estudos”, comenta Zago.
“Queremos prepará-los para o encontro com grandes players e inserir o Brasil no cenário de ponta da biotecnologia”, completa.