• Por que o manifesto “Elas na Medicina”, que reforça a valorização da equidade de gênero, é necessário

    Priscila Tatiana Silva Saturnino é líder do comitê Women’s Network da Medtronic
    Jose Renato Junior | 26 nov 2021

    A equidade de gênero é um tema que vem ganhando atenção da sociedade e deixando o papel para se transformar em realidade. 

    Notamos um avanço significativo na área, mas ainda de forma desequilibrada em determinados segmentos – como no exercício da Medicina. 

    Apesar da participação das mulheres ter dobrado nos últimos 20 anos, segundo o estudo Demografia Médica 2020, algumas especialidades ainda são dominadas por homens. 

    Por isso, como parte das comemorações dos 50 anos da Medtronic no Brasil, lançamos o “Elas na Medicina”, projeto que visa a conscientização da sociedade sobre essa lacuna a ser desbravada, além de reforçar a importância do empoderamento feminino. 

    Não devemos nos apoiar em rótulos predeterminados por conceitos antiquados e preconceituosos. 

    Felizmente, profissão não tem gênero. Podemos optar pela carreira que mais nos interessa. 

    Como empresa provedora de saúde, que já adota uma política de diversidade e inclusão internamente, com mais de 50% das mulheres em cargos de liderança, a Medtronic não poderia deixar de lado uma causa tão importante como essa. 

    Para tanto, contamos com a parceria de um time renomado de médicas que são referências em suas respectivas especialidades e apoio da Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular (SBCCV) e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM).

    DISCRIMINAÇÃO MUITAS VEZES COMEÇA NA PRÓPRIA FACULDADE

    Não existem explicações plausíveis, mas ainda são poucas profissionais mulheres em determinadas especialidades como urologia, neurocirurgia, coloproctologia e radiologia intervencionista, entre outras. 

    Ao conversarmos com especialistas para o projeto, elas nos contaram que a discriminação, muitas vezes, começa na própria faculdade, e pode vir de quem menos se espera, dos docentes e dos colegas. 

    Essa receptividade duvidosa, no entanto, não é compartilhada pelos pacientes que elas costumam atender. 

    Demos o início ao “Elas na Medicina” em março de 2021, como parte das comemorações do Dia Internacional da Mulher, quando organizamos uma série de palestras com médicas apaixonadas e dedicadas em melhorar a saúde de pacientes. 

    O projeto, no entanto, foi ganhando robustez e apoio da classe médica. 

    Mais recentemente, compartilhamos uma carta-manifesto com as impressões dessas profissionais, mas nosso objetivo é trazer amplitude ao tema. 

    EMPODERAMENTO FEMININO É UMA CONSTRUÇÃO LONGA

    A nossa ideia é que o movimento ganhe repercussão e mais adeptos para que consigamos contribuir para a mudança desse cenário.

    É fato que o empoderamento das mulheres na Medicina foi sendo construído ao longo dos anos. 

    Para ter uma ideia, foi apenas em 1918 que a Faculdade de Medicina da USP autorizou o ingresso delas no curso – e, assim, foi a primeira escola de nível superior do Estado fazer isso. Ainda temos um longo percurso pela frente. 

    Além da conquista de espaço, a batalha pela igualdade salarial se faz necessária. 

    Por outro lado, é uma satisfação imensurável saber que, em nove anos, as mulheres deverão ser maioria entre os médicos, sendo mais de 80% desses profissionais até 2030, segundo levantamento do Plano Nacional de Fortalecimento das Residências em Saúde do Ministério da Saúde. 

    Se depender da Medtronic, a equidade de gênero não precisará ser mais um assunto a ser debatido, mas intrínseco em nossa cultura.

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    Priscila Tatiana Silva Saturnino é líder do comitê Women’s Network da Medtronic.

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