No ano de sua inauguração, em 2013, antes de ser batizada com o nome atual, a Vitalk era conhecida como TNH Health. Na época, a startup trabalhava enviando SMS para lembrar as pessoas de tomarem seus medicamentos. Muito mudou.
Mais tarde, a empresa também passou a oferecer monitoramento de epidemias como zika e dengue, educação de gestantes de baixa renda e valorização dos programas de saúde da família.
“Após muito aprendizado e desenvolvimento, mudamos nossa proposta até chegarmos na Vitalk que conhecemos hoje: uma experiência de cuidado com saúde mental que utiliza tecnologia, base científica e contato humano”, explica Michael Kapps, CEO da Vitalk.
Atualmente, a empresa fornece mapeamento inteligente de saúde mental voltado para empresas, uma avaliação do grau de presenteísmo dos funcionários (que ajuda a dimensionar a perda de produtividade) e uma análise dos fatores de risco no ambiente de trabalho.
“O mapeamento identifica e propõe ações de prevenção, intervenção ou melhoria na companhia”, esclarece Michael, que é nascido na Rússia, mas viveu grande parte da vida no Canadá.
Ele conta que foi em 2013 que conheceu os brasileiros Thomas Prufer e Juliano Froehner, na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos. E foi neste mesmo ano que o russo veio para o Brasil e, com os colegas, fundou a healthtech.
A primeira rodada de investimentos foi feita por investidores-anjo e um mentor do CEO, vindo da indústria farmacêutica, no valor em torno de R$ 150 mil. Após esse lance, foi feito um novo investimento de R$ 1 milhão e, mais tarde, outro na quantia de R$ 6 milhões.
MENTE E CORPO ANDANDO JUNTOS
Durante os diversos estudos sobre o segmento, a companhia avaliou que, para haver uma mudança no comportamento das pessoas em relação à adesão a tratamentos médicos, seria necessário identificar – e tratar – os transtornos mentais.
“Por exemplo, um paciente com diabetes tipo 2, em muitos casos, é também diagnosticado com algum transtorno mental clínico ou subclínico. Sem mapear e reconhecer essa ansiedade, é pouco provável que pacientes assim pratiquem o autocuidado adequadamente, como se alimentar bem, fazer atividades físicas ou alcançar a terapia”, explica o CEO.
“Por outro lado, a maioria dos fundadores e colaboradores [das empresas] já passou por algum problema relacionado à saúde mental na vida, seja depressão, ansiedade ou estresse”, ele continua.
“O que queremos é exatamente usar essa experiência pessoal, o conhecimento de nosso time clínico e nossa tecnologia para levar saúde mental para todo Brasil – ou o máximo disso que conseguirmos.”
No entanto, ainda segundo Michael, esse processo de convencer as pessoas a cuidar da saúde mental, tanto o consumidor final quanto clientes corporativos, ainda é um grande estigma.
“Principalmente porque nosso conceito é muito novo – usar ferramentas digitais para atendimento psicológico como estratégia para reduzir o preço pago por esse tipo de serviço”, afirma.
Ao visualizar todas essas dores, a equipe da Vitalk resolveu criar um programa de mapeamento e monitoramento da gestão emocional das equipes e uma capacitação de lideranças para um tratamento mais humanizado.
“Optamos por esse caminho porque na área de saúde é muito difícil criar uma empresa B2C. Alinhando os interesses do B2B, você consegue criar algo um pouco mais sustentável”, aponta o CEO.
COMO É O PASSO A PASSO DA SOLUÇÃO
Apesar disso, a startup tem uma solução B2C, um aplicativo gratuito que oferece informações sobre autocuidado e autoconhecimento, monitoramento do humor e uma assistente virtual, a Viki, com quem é possível bater papo sobre assuntos como ansiedade, términos de relacionamento e procrastinação, entre outros.
Para as empresas, o serviço oferecido não envolve somente tecnologia, mas também diversos formatos de conteúdo e canais de comunicação, trabalhando lado a lado com os recursos humanos e gestão de pessoas.
De forma prática, a equipe faz uma imersão da empresa em relação à saúde mental e ao bem-estar emocional com ebooks, webinars, posts e artigos por e-mail, whatsapp e outros tipos de canais, além de palestras.
Os níveis de estresse, ansiedade, depressão e burnout dos colaboradores é mensurado de acordo com métodos reconhecidos e validados internacionalmente.
Os dados anonimizados são usados para abastecer relatórios, diagnósticos e dashboards, mostrando para a empresa quais os principais problemas de cada área.
Depois disso, o colaborador tem apoio 24/7 por meio da plataforma com exercícios e conversas sobre assuntos relacionados à saúde mental e bem-estar, além de atendimento psicológico por texto, com a assistente virtual Viki, ou por videochamada, se assim for necessário.
UMA EMPRESA PREPARADA PARA A PANDEMIA
Em março de 2020, quando foi detectado o primeiro caso de Covid-19 aqui no Brasil e os protocolos de fechamento de escritórios e empresas foram anunciados, a Vitalk já estava preparada para os atendimentos a distância – e o melhor: voltados à saúde mental.
As companhias finalmente começaram a olhar com mais firmeza para essa questão tão importante, já que a situação atual aumentou significativamente a prevalência de transtornos mentais.
Como o produto da healthtech é digital, ele mostrou-se extremamente adequado para o momento de isolamento social.
“Adicionalmente, o usual orçamento apertado das empresas deixa o nosso preço muito atrativo – ele é 4 vezes menor do que terapia tradicional ou teleterapia”, afirma o CEO.
“Em muitos casos, elas não precisam pagar para ter acesso a esse serviço, já que oferecemos desconto para seus funcionários. Por outro lado, pessoas físicas que podem estar desempregadas ou em risco de desemprego veem nossa solução como algo mais econômico para cuidar da sua saúde mental.”
Assim, o fechamento do ano passado pôde ser comemorado com o faturamento de aproximadamente R$ 6 milhões. Em 2021, os últimos meses também têm sido de sucesso com o crescimento da Vitalk girando em torno de 10% a 15% por mês.
“Esperamos dobrar o faturamento em 2021. Pretendemos contratar muitos novos colaboradores, aumentar a equipe. Além disso, estamos estudando uma nova versão do aplicativo e providenciando mais pesquisas clínicas. Queremos expandir os projetos ao redor do mundo”, comemora Michael.
Os planos por aqui também são alçar voos ousados, como fazer parte do SUS, o Sistema Único de Saúde. “É um sonho conseguir ter uma solução comprovada, efetiva, mas também muito acessível, dinâmica e abrangente pela diversidade que temos no Brasil.”
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