É difícil escrever sobre empreendedorismo, sobre a Pipo Saúde e sobre ser uma CEO mulher sem soar clichê ou prepotente. Mas quero aqui tentar dividir os principais aprendizados que tive nessa jornada ― que tem me moldado como pessoa e profissional.
Começando pelo empreendedorismo: diferentemente do que vemos em países mais desenvolvidos, onde empreender é criar produtos revolucionários que mudam nossos hábitos, empreender no Brasil é um jogo de “combate à ineficiência”.
Procuramos criar soluções melhores do que as já existentes nos setores mais tradicionais da economia. Essa dinâmica cria a maior oportunidade de se empreender no Brasil, mas também o maior desafio.
Digo desafio porque não é fácil convencer as pessoas de que existe algo melhor do que aquilo que elas estão acostumadas há anos.
Falando especificamente sobre a Pipo, somos uma corretora de benefícios de saúde tecnológica dentro de um setor que foi regulamentado há quase 60 anos. Não bastasse a tradição de décadas, hoje nós vendemos para empresas (as principais compradoras do setor de saúde privada do país), o que cria desafios ainda maiores de adoção e convencimento.
Ninguém te prepara sobre o que vem pela frente ― nem mesmo a leitura dos mais diferentes livros, artigos ou podcasts, ainda que eu súper recomende a imersão em todos eles.
Por mais que não sejam a receita do bolo, são relatos poderosos que servem como referência e inspiração para os desafios do caminho.
QUANDO SE É UMA DAS ÚNICAS MULHERES NA SALA ― OU A ÚNICA
É ainda mais difícil se sentir preparado quando você sente que tem menos experiência do que deveria ou então quando é uma das únicas mulheres na sala ― senão a única…
Como tudo que requer “começar” na vida, a parte mais desafiadora é quebrar a inércia.
Empreender não é nada fácil ― tampouco é replicável. Mas para as mulheres que sonham em empreender, mas não sabem se têm “aquilo que precisam”, eu vou contar um segredo: ninguém tem.
O ingrediente necessário para quebrar a inércia é: comece.
Vai precisar de uma pitada de coragem, muita vontade de fazer acontecer, paixão em ver coisas tomando forma, e muita obstinação, pois o que não vai faltar são pessoas te dizendo que não dará certo.
Durante o processo, você vai ver clientes apaixonados por soluções que nem acreditavam serem possíveis e a construção de uma cultura forte e colaborativa que servirá de combustível para todo o resto.
Por isso, para as mulheres que querem se jogar de cabeça: venham que a piscina está quentinha! E contem comigo nesse processo. 😉
**
Manoela Mitchell é CEO da Pipo Saúde, uma startup de gestão de benefícios que nasceu com o objetivo de otimizar e facilitar a relação do RH de empresas com planos e serviços de saúde