Com 5 milhões de pessoas totalmente vacinadas contra a Covid-19, o que corresponde a 56% de sua população, Israel provocou inveja generalizada ao liberar a circulação sem máscaras em espaços públicos e, na semana passada, registrar um dia sem morte alguma pela doença.
Na liderança dos esforços contra o vírus Sars-Cov-2 está o Sheba Medical Center, criado em 1948 como um pequeno hospital militar para tratar os feridos na Guerra de Independência de Israel e hoje a maior instituição de saúde do país.
“O Sheba Medical Center foi classificado pela revista Newsweek como um dos 10 melhores hospitais do mundo em 2019, 2020 e 2021, e parte desse reconhecimento pode ser atribuído ao seu sucesso com inovação”, afirma Yair Itzhar, diretor de Relações Internacionais da instituição.
“A inovação tornou-se totalmente integrada às operações do Sheba Medical Center. Na verdade, foi agregada aos três pilares da instituição, a saber: excelência clínica, educação e pesquisa”, diz.
“Dada a sua importância no hospital, foi um elemento importante da nossa resposta à pandemia de Covid-19”, afirma Eyal Zimlichman, Chief Medical Officer e Chief Innovation Officer do Sheba.
É justamente para tratar sobre inovação que o Sheba é o parceiro científico do Health Connections – Innovation Beyond the Future, evento online que acontece nos dias 2 e 3 de maio e que tem como objetivo integrar os ecossistemas de inovação e compartilhar conhecimento entre Israel e Brasil.
A ideia é conectar profissionais de saúde, profissionais da área de tecnologia e informática, pesquisadores, gestores e empreendedores em um evento digital único.
Ele conta com painelistas como Saul Singer, coautor do best-seller “Nação empreendedora: o milagre econômico de Israel e o que ele nos ensina”, Claudio Lottenberg (presidente do Conselho da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein), David Atar (primeiro secretário da Embaixada de Israel no Brasil), Rubens Belfort Jr. (presidente da Academia Nacional de Medicina) e vários outros, além de profissionais de diferentes áreas do Sheba.
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A instituição destaca-se em diversos aspectos da inovação médica, e suas soluções, já aplicadas e comprovadas na prática, são vasta e globalmente reconhecidas.
Muito disso deve-se ao seu mundialmente famoso centro de inovação, o ARC Innovation Center – sigla para “Acelerar, Redesenhar e Colaborar”.
O QUE É E COMO FUNCIONA O ARC?
O diretor de Relações Internacionais do Sheba explica que o ARC é uma estrutura separada que foi estabelecida em 2017. “As portas do prédio dedicado a atividades de inovação foram oficialmente abertas ao público em 2019”, diz ele.
“O ARC abrange um ecossistema global que visa desenvolver, testar e lançar soluções revolucionárias”, explica o executivo. “Ele prioriza as inovações em saúde digital como seu principal veículo de mudança, permitindo assim um ambiente de inovação aberto.”
A estrutura, que começou com quatro funcionários, hoje conta com aproximadamente 50 colaboradores, “todos envolvidos em esforços de inovação do Sheba Medical Center”, diz Eyal Zimlichman.
“Por meio de um programa de empreendedorismo lançado recentemente para os médicos de Sheba, muitos outros membros da equipe do hospital estão participando das atividades do ARC”, explica o CIO.
São três os objetivos do ARC: 1) manter um ecossistema que desempenhe um papel central na união de players da Israel e do resto do mundo, 2) reunir médicos do Sheba, inovadores, empresários, grandes parceiros corporativos e centros acadêmicos de excelência e 3) acelerar a inovação e levar a soluções revolucionárias destinadas a redesenhar a saúde.
ESFORÇOS VOLTADOS PARA O COMBATE DA COVID
Eyal conta que há uma grande variedade de atividades sendo desenvolvidas no ARC. “Uma das iniciativas é o programa de internação domiciliar, que tem como foco a prestação de cuidados da mais alta qualidade aos pacientes que podem ser tratados remotamente”, exemplifica.
“Na mesma linha, existe um programa de reabilitação cardíaca à distância. Isso envolve uma colaboração com a Datos, uma startup cuja plataforma dá suporte aos programas de telemedicina do Sheba Medical Center.”
Atualmente, cerca de setenta startups agem em parceria com o ARC em diferentes projetos na área médica.
Também há exemplos de empresas, como Innovalve, que nasceram no Sheba. “Ela desenvolveu uma válvula mitral artificial que pode ser substituída por um cateter minimamente invasivo para ajudar no tratamento de pacientes com doenças cardíacas”, diz o CIO.
A estrutura do ARC, que já existia há algum tempo, voltou seus esforços voltados para ajudar o país a combater o vírus Sars-Cov-2. “Conseguimos consolidar todas as melhores unidades das Forças de Defesa de Israel para produzir ventiladores quando o país previu que poderia haver uma escassez deles”, relata Yair.
Outra empresa que nasceu no ARC, a Virusight produziu uma tecnologia que fornece um teste rápido para a detecção da Covid-19. “Além disso, o CLEW, que fornece uma plataforma de inteligência artificial para unidades de terapia intensiva, recebeu recentemente a aprovação do FDA.”
TENDÊNCIAS E PARCERIAS COM O ECOSSISTEMA BRASILEIRO
Israel é mundialmente famoso pela efervescência de seu cenário de inovação. Yair gosta de relativizar e afirmar que é importante destacar que a inovação lá é promovida em nível nacional por meio da Autoridade de Inovação de Israel.
A instituição, mantida pelo governo, apoia financeiramente o desenvolvimento de projetos de inovação com vários modelos de suporte, dependendo do estágio em que se encontra o projeto.
“Há ainda importantes parcerias entre entidades públicas e privadas, bem como a academia, que impulsionam os avanços”, diz o executivo.
“No Sheba Medical Center em particular, houve uma mudança cultural e institucional para aprimorar os esforços de inovação. Isso levou tempo e continua a envolver muitos líderes de nível sênior”, afirma Eyal.
Convivendo nesse rico ambiente, Yair e Eyal apontam algumas tendências, que devem ser debatidas no Health Connections.
“Aparentemente, a saúde digital será o veículo de mudança para avanços e melhorias na área de saúde”, afirma o CIO.
“A inteligência artificial e a telemedicina são as principais ferramentas que permanecerão conosco e permitirão que cada vez mais cuidados sejam gerados por dados e prestados na comunidade e/ou na própria casa do paciente”, aposta Eyal.
“Os hospitais atenderão os casos mais críticos, que não podem ser bem tratados remotamente.”
Os dois afirmam que não estão tão familiarizados quanto gostariam com o ecossistema de inovação brasileiro, mas que o Health Connections vai ajudá-los a conhecer mais. “Sei que existem esforços crescentes para expandir a inovação no Brasil. Parece que o país está no caminho certo”, diz Yair.
“Podemos fortalecer as colaborações entre instituições acadêmicas e provedores de saúde para promover a prestação de cuidados e melhorar os resultados”, aponta. “Esperamos estender a inovação de Israel ao Brasil por meio do compartilhamento de dados e das melhores práticas.”
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