Se você algum dia tomou uma Aspirina, passou Bepantol na pele ou usou Coppertone na praia – e quem nunca? –, você é consumidor da Bayer.
Fundado em 1863, com mais de 150 anos de história – e com um slogan que todo mundo lembra: “se é Bayer, é bom” –, o onipresente grupo emprega mais de 113 mil pessoas ao redor do mundo e tem um faturamento que, em 2017, chegou a ultrapassar 30 bilhões de euros.
Manter-se relevante, com tudo o que ser uma gigante farmacêutica implica, é um desafio para muitas companhias como a Bayer.
A alemã, no entanto, tem a resposta para isso: apostar em terapia gênica e terapia celular.
Essas terapias gênicas oferecem novas opções de tratamento para muitas doenças que, hoje, não contam com isso, especialmente doenças genéticas.
Uma das rotas para a companhia chegar cada vez mais longe é a aquisição de outras empresas – e o investimento em players inovadores. Nos últimos anos, a alemã comprou as seguintes empresas de biotecnologia, em movimentos que envolveram bilhões de dólares:
Essas aquisições consolidam a estratégia da alemã em biotecnologia e o foco em inovação – e, com 50 novos tratamentos no pipeline, ela também investe em startups capazes de desenvolver tecnologias disruptivas para o tratamento de algumas das doenças que mais matam no mundo.
A companhia utiliza ainda a inteligência artificial para buscar diagnósticos mais precisos e encontrar novos tratamentos para complexos problemas de saúde.
Um dos projetos que melhor traduz essa busca é o Leaps by Bayer, uma unidade que lidera investimentos de impacto em soluções para alguns dos maiores desafios da atualidade em saúde e agricultura. Desde 2015, a unidade já investiu mais de 800 milhões de dólares em iniciativas do tipo.
Para Adib Jacob, presidente da divisão farmacêutica no Brasil e líder regional da divisão na América Latina, todo esse movimento leva a Bayer a pavimentar a estrada para ser uma indústria cada vez mais voltada à biotecnologia.
“Com a implementação dessa estratégia, demos um passo transformador para a sustentabilidade dos nossos negócios e, ainda mais importante, para entregar inovações revolucionárias aos pacientes”, diz Adib.
Por falar em América Latina, a região é também uma das meninas dos olhos da Bayer, que criou para cá uma área inédita na divisão de Transformação Digital. Ela é apoiada por quatro pilares do formato digital: olhar para o cliente, desenvolver as capacidades das pessoas para o futuro, manter a cultura da empresa e apoiar-se na tecnologia.
HORA DE PISAR NO ACELERADOR DA INOVAÇÃO
No início de dezembro de 2020, a Bayer anunciou, dentro de sua estrutura de saúde, o lançamento de uma plataforma de terapia celular e gênica, a Cell and Gene Therapy Platform, a C>.
É ela que vai “abrigar” as empresas adquiridas e as iniciativas relacionadas a terapias celulares e gênicas, além de buscar colaborações estratégicas externas para construir plataformas robustas com ampla aplicação em diferentes áreas terapêuticas.
A ideia é simples e genial: soma-se a experiência da Bayer a investimentos em recurso de fornecimentos de produtos para preencher uma importante lacuna de demanda global para o desenvolvimento e a fabricação de terapias gênicas.
As principais áreas escolhidas pela Bayer são terapias com células-tronco (com foco em células pluripotentes induzidas ou iPSCs), aumento de genes, edição de genes e terapias de células alogênicas em diferentes indicações.
Com isso, a empresa garante expertise nas áreas de aumento de genes e terapias celulares regenerativas e estabelece um pipeline de C> que engloba cinco ativos avançados e mais de quinze candidatos pré-clínicos.
Mas quem pensa que essas empresas perderam seu modo de produzir, pensar e agir se engana. No modelo da Bayer para C>, os parceiros operam de forma autônoma e são totalmente responsáveis pelo desenvolvimento e pela evolução de seu portfólio e tecnologia.
O objetivo é preservar a própria cultura empreendedora da gigante alemã – e tirar o melhor de todos os âmbitos possíveis. “A biorrevolução emergente representa uma oportunidade única e uma nova era para a Bayer”, afirmou Wolfram Carius, chefe da nova plataforma C> da empresa, no anúncio do lançamento dela.
“Uma plataforma C> dedicada é vital para acelerar a inovação em sua origem e garantir o desenvolvimento de terapias tangíveis para pacientes que não têm tempo para esperar.”
PROJEÇÃO DE CRESCIMENTO NO BRASIL NA CASA DE DOIS DÍGITOS
Instabilidade política, crise financeira, falta de perspectiva: o Brasil passa por um dos cenários mais graves desde a redemocratização. Nada disso, no entanto, abala a relação entre a multinacional e o país.
“O Brasil é um mercado prioritário para a Bayer e, não à toa, no início de 2020, além da minha posição como presidente da Bayer Pharma para o Brasil, também assumi o papel de líder regional da divisão para toda América Latina”, afirma Adib Jacob.
“Essa mudança também incluiu mover a sede da operação latino-americana de Pharma da Bayer dos Estados Unidos para o nosso país”, conta.
“Por isso, posso afirmar que o nosso objetivo de negócio para 2021 é crescer dois dígitos no Brasil, em comparação a 2020 – que já foi de crescimento, apesar de todos os desafios que a indústria enfrentou.”
Segundo Adib, para fortalecer nosso potencial de crescimento no médio e longo prazos, a Bayer também fará investimentos focados no reforço do portfólio de produtos da empresa, com 10 lançamentos previstos até 2022 nas áreas de oncologia, cardiologia, saúde feminina, hemofilia, oftalmologia e pneumologia.
“Além disso, estamos construindo uma plataforma de inovação que vai mudar o modo como nos conectamos com os pacientes, médicos e nossos parceiros, e temos garantido um foco cada vez maior no desenvolvimento do negócio institucional, ampliando o acesso dos pacientes, principalmente no setor público, a produtos muito modernos e capazes de realmente impactar positivamente as suas vidas”, completa.
No mundo, a meta da empresa é crescer anualmente entre 4% e 5% até 2022, o que representa aproximadamente 52 bilhões de euros em vendas até lá – e um mercado como o Brasil, evidentemente, é prioritário.
“Sabemos que, nos próximos três anos, o Brasil ampliará ainda mais a sua representatividade dentro dos resultados globais. Hoje, o país é o segundo maior mercado do grupo Bayer mundialmente e está ganhando cada vez mais relevância nas estratégias de negócios da companhia”, revela Adib.
Segundo o executivo, tratamentos têm sido lançados no país antes mesmo de chegarem à Europa. “Nosso compromisso é trazer os tratamentos mais inovadores, garantindo o acesso dos pacientes ao que há de mais moderno”, afirma.
“Em oncologia, por exemplo, um segmento que definitivamente é prioritário, expandimos nossa atuação com dois lançamentos recentes no Brasil em pouco mais de seis meses, além de diversos outros ativos em vários estágios de desenvolvimento clínico. Pretendemos, inclusive, intensificar o número de estudos clínicos realizados no país ao longo dos próximos anos”, diz.
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