Dandelin oferece consulta ilimitada por até R$ 100 ao mês

Uma alternativa a um plano de saúde que oferece consultas médicas particulares ilimitadas a um valor máximo de R$ 100 de mensalidade. Parece mentira? Acredite: é essa a proposta do Dandelin, que se apresenta como um “aplicativo de agendamento de consultas”.

O que permite que o Dandelin se sustente é que ele é estruturado sobre as bases da economia compartilhada. Em sua definição, o sharing economy é a prática de dividir o uso ou a compra de serviços, o que é possível por meio de uma tecnologia (os aplicativos) que permite interação entre as pessoas.

Na prática, o Dandelin conecta médicos que tenham horários em sua agenda para serem preenchidos com pacientes que precisam de consultas.

E tem gente reunida lá: são mais de 4 mil pacientes e mais de 870 médicos de 70 especialidades diferentes, com 40 mil horários disponíveis. Quer um cardiologista? Tem lá. Um otorrino? Também. Um cirurgião vascular? Opa.

“Existe uma diferença de expectativa de vida de quase 20 anos de uma pessoa que mora num bairro nobre de São Paulo para outra que mora na periferia. Por que uma vida deveria valer mais do que a outra?”, questiona Mára Rêdiggollo, COO e cofundadora da solução.

“O Dandelin surgiu para que todos tenham a mesma oportunidade, para democratizar o acesso à saúde particular”, diz.

“Ele se baseia no senso de coletividade, de cooperação. Você participa de uma comunidade e ajuda outras pessoas que estão lá.”

NÃO É UM NEGÓCIO, É UM MOVIMENTO

Três em cada quatro brasileiros não têm plano de saúde. Isso não quer dizer que quem tem está feliz. Arcar com os valores abusivos, que aumentam a cada ano, é muito difícil. Isso sem contar que as operadoras de plano de saúde estão sempre no topo da lista de empresas que recebem reclamações.

O empreendedor Felipe Burattini teve a ideia de criar o Dandelin quando o pai, que é cardíaco, teve problemas no atendimento.

Morando na Alemanha, ele estava bastante acostumado com o conceito de economia compartilhada.

Dividiu a ideia com a amiga Mára que, embora filha de uma ginecologista e um gastroenterologista, exatamente na mesma época também teve problemas com o plano de saúde.

A mãe teve câncer, doença que acabou matando-a, e Mára recebeu depois uma conta abusiva do doloroso período de internação, no valor de R$ 30 mil. “Isso porque tínhamos plano, o que é um privilégio”, pondera.

“Tudo é momento, e minha dor estava muito latente”, diz ela. “E a dor, em ocasiões assim, passa a não ser só sua. Você não quer que ninguém mais passe por aquilo.”

Mára conta que Felipe a convenceu do negócio com uma frase.

Ele disse: “Não olhe para isso como um negócio, e sim como um movimento”.

“Foi quando ele me ganhou para o Dandelin. Ser um negócio é uma consequência.”

O MODELO DE NEGÓCIOS: TUDO É DIVIDIDO

Para que possa funcionar bem, o Dandelin precisa de uma boa base de usuários. Segundo Mára, o usuário pode marcar quantas consultas quiser por mês, sem risco de receber uma conta absurda de mensalidade como coparticipação.

A plataforma soma todas as consultas efetuadas no mês e divide, de forma igualitária, entre todos os membros da comunidade – por isso o valor é variável.

Há, no entanto, um teto: R$ 100. Mesmo que você tenha feito 30 consultas, é isso que vai pagar. Também não há variação de preço de acordo com a idade, mas o Dandelin não tem exames incluídos – eles devem ser pagos à parte.

No entanto, a COO explica, quanto maior a comunidade, mais serviços podem ser oferecidos. “É preciso fortalecer a base”, afirma. “Nosso objetivo é que a população passe a cuidar mais da saúde, e não vá ao médico só quando tem algum problema ou dor.”

ATRATIVO TAMBÉM PARA OS MÉDICOS

Para ser sustentável, o negócio tem que ter atrativos para as duas pontas. Para fidelizar os médicos, o Dandelin paga a eles R$ 100 por consulta, mais do que muitos planos – e com retorno reembolsável, algo que não é comum que os planos façam.

“Assim, ele não é obrigado a fazer consultas a jato para que elas valham a pena, porque a prática médica é caríssima, manter um consultório é dispendioso demais”, afirma a cofundadora.

“Usando os horários livres de sua agenda para atender pacientes por meio do Dandelin, o especialista também aumenta sua carteira de clientes, o que é sempre interessante.”

Se o médico tem boas avaliações, sua remuneração pode crescer até 25%. O mesmo acontece se ele estiver há mais de um ano disponibilizando horários de sua agenda para o Dandelin.

80% SÃO TELECONSULTAS, MAS TAMBÉM TEM PRESENCIAL

Hoje, quase 80% dos atendimentos do Dandelin estão sendo feitos virtualmente, por meio de teleconsultas. Com isso, a startup amplia o alcance da sua base de médicos para todo o Brasil, eliminando as distâncias físicas.

“Isso é excelente porque a maior parte dos médicos brasileiros está concentrado no Sudeste”, afirma Mára.

“Temos usuários até de outros países, como Estados Unidos.”

Mas o app permite que o cadastrado marque consultas presenciais em São Paulo e na Grande São Paulo, além de Rio de Janeiro e Curitiba – essas duas praças foram recém-abertas.

Os planos incluem praças presenciais em Minas Gerais e Santa Catarina, além de o modelo B2B. “O nome Dandelin vem de Dandelion, que é aquela planta dente-de-leão”, conta Mára. “Quando assopradas, as pétalas voam, e polinizam tudo ao redor. É assim que queremos ser.”